quarta-feira, outubro 19, 2005

Mais devaneios

Ando me sentindo perdido nos últimos dias. Bombardeado com várias idéias me sinto como o chão da floresta equatorial, cheio de sementes à espera de um raio de sol para me iluminar, aquecer e fazer florir novas idéias. É uma sensação bastante estranha. Fico procurando motivos que a justifiquem enquanto assisto indignado aos reclames do referendo sobre a comercialização de armas, o que me entristece é que as pessoas esqueçam-se de que gatilhos não disparam sem dedos e dedos não se movam à revelia. Assunto chato e cansativo, mas no que me diz respeito, acho que prefiro votar por uma morte rápida embalada pelo cheiro da pólvora que pela agonia de 13 ou 18 facadas. Juro que eu queria ter o argumento final, juro que gostaria de ter uma resposta definitiva para iluminar à todos nós, párias, descamizados e famintos que continuaremos sem ter dinheiro para comprar arroz, quanto mais um trinta e oito. Mas quem sabe um daqueles tios gordinhos que ocupam os assentos do parlamento não tenham uma boa idéia e, tal qual fizeram impedindo a reprovação dos alunos nos colégios, não nos proíbam de morrer? Ninguém mais morreria, os donos de fábricas de armas poderiam continuar vendendo seus produtos e todos seriamos felizes para todo o sempre. Não importa... Já estamos todos mortos. Morremos quando nos fora negado o esclarecimento, morremos a cada dia um pouco quando nos impedem de dar cabo às trevas de nossa ignorância, morremos porque a despeito do que digam a informação é para todos... todos aqueles que possam pagar por ela. Para os outros resta apenas o marketing.

Ah... Cansei-me... Disse que não ia falar sobre isso e acabei dando com a língua nos dentes... Fico feliz apenas porque só consegui escrever quando não tentei fazê-lo. E talvez seja isso, talvez a minha criatividade esteja empedrada por causa disso. Ou talvez não. A única coisa que sei é que no último mês ganhei uma maravilhosa amiga sereia e ontem ela me fez a pergunta derradeira. Disse-me ela:

_O que você perdeu?

E atônito eu respondi que não sabia. Não sabia e continuo não sabendo, mas perdido está... é um fato.

É isso meus amores, agora tenho lição-de-casa para fazer, então me vou. Peço que me desculpem pela ausência prolongada e por não voltar aqui cheio de histórias divertidas sobre as minhas “férias” na Oktoberfest. Mas por hora está difícil e eu ando bastante preocupado com o meu selvagem companheiro Nihil...