quinta-feira, outubro 26, 2006

Maybe I Have Found Something Blue

Eu estava lá, cercado por zilhões de letras, trilhões de palavras, milhões de frases e milhares de páginas em forma de livros. Talvez muito mais que isso, impossível contar. Ao cair da noite eu procurava algo perdido há realmente muito tempo, tanto tempo que eu não esperava mais encontrar, mas eu procurava. Aquela livraria é um lugar estranho para mim por diversos motivos, alguns muito bons, alguns ruins, mas sempre me pego voltando para lá. E lá estava eu, quando inesperadamente eu ouvi. Estava lá.

Não dá para explicar em palavras o que estava acontecendo, eu tive que sair de onde estava e ir direto para onde a música tocava. Entrei no café da livraria e não quis olhar diretamente para a banda naquele primeiro momento, bastava ouvir, era uma sensação tão boa que eu só precisava estar ali. Particularidades da música e da sensação que me provoca, sinto que de uma certa maneira isso me liga profundamente aos seus criadores. Procurei uma mesa e achei uma de canto, muito escondida e longe do palco, uma das únicas duas mesas que restavam vagas. Pedi um chá e rabisquei um pouco enquanto a lapiseira reclamava.

Foi um show curto, mas delicioso. Quando o som acabou eu paguei a conta com alguns trocados e me aproximei do palco. Ela era linda.

A beleza tem dessas coisas, uma pessoa não é só bela pela sua aparência, ela é bela pela sua alma, pela forma como trata as pessoas, como sorri quando responde com simplicidade a aquela pergunta óbvia que só você não havia percebido (quantas vezes será que ela já não fez isso?). Pois é, ela era linda, simpática como poucas vezes eu esperei que um artista o fosse.

Foi uma conversa breve, fiquei um pouco tímido (de verdade), acho que tive medo de ser meio clichê, ou de parecer um doido varrido. Foi uma conversa divertida, me fez sentir bem. Quando terminou senti que eu havia saído meio fugido (timidez novamente?). Arrependi-me por não ter agradecido.

Agora noite vai avançando e talvez ainda vá longe. A inspiração que ela me deu lentamente começou a forjar um novo quadro. Talvez o primeiro quadro que eu consiga terminar de pintar em um longo ano.


ps.: http://www.myspace.com/bluebellmusic

quarta-feira, outubro 25, 2006

Páginas Rasgadas

Quero rasgar as páginas em que está escrita a minha história, para com a tinta a sangrar de milhões de letras erradas talvez eu possa começar uma nova história. Quanto mais eu vivo mais me convenço de que o mundo como o entendemos é baseado nas visões, desejos, escolhas e valores que damos as coisas. É isto o que é o mundo, o que fazemos dele. E eu me pergunto, o que fiz do meu mundo? Um mundo de tubos e tubos de tintas que venceram há anos. Um mundo escrito em páginas em branco. Um mundo onde nada sobreviverá a história. Um mundo de penas quebradas, pessoas distantes, pincéis sem pêlos, violões sem cordas, livros empoeirados e frias paixões...

A noite, quando acordo antes da hora pergunto a mim mesmo o que acontecera ao homem simples e pobre que vivera no século XIV? Cuja existência esvaeceu, cuja história apodreceu para fertilizar a de outros que vieram depois, que as páginas de milhares de livros não contam, cuja memória se apagou. Pergunto sobre tudo o que o amanhã me reserva? Pergunto o que eu faço a mim com justificativas vazias, promessas inócuas e expectativas falsas.



Queen - Spread Your Wings
Words and music by John Deacon

Sammy was low
Just watching the show
Over and over again
Knew it was time
He'd made up his mind
To leave his dead life behind
His boss said to him
'Boy you'd better begin
To get those crazy notions right out of your head
Sammy who do you think that you are?
You should've been sweeping up the Emerald bar'

Spread your wings and fly away
Fly away far away
Spread your little wings and fly away
Fly away far away
Pull yourself together
'Cos you know you should do better
That's because you're a free man

He spends his evenings alone in his hotel room
Keeping his thoughts to himself he'd be leaving soon
Wishing he was miles and miles away
Nothing in this world nothing would make him stay

Since he was small
Had no luck at all
Nothing came easy to him
Now it was time
He'd made up his mind
'This could be my last chance'

His boss said to him 'now listen boy
You're always dreaming
You've got no real ambition you won't get very far
Sammy boy don't you know who you are?
Why can't you be happy at the Emerald bar?'

So honey
Spread your wings and fly away
Fly away far away
Spread your little wings and fly away
Fly away far away
Pull yourself together
'Cos you know you should do better
That's because you're a free man
Come on honey
FLY WITH ME!

segunda-feira, outubro 09, 2006

Pensamentos rápidos sobre o ego

Já me disseram que eu sou a única pessoa que lê essas coisas, mas ainda assim eu juro que fico com raiva quando entro em um site que não tem um link do tipo “o que é isso?”.

Tudo bem, dizer o óbvio é algo bobo, mas às vezes, algo que é óbvio para mim, não o é para você e vice-e-versa. Talvez seja por isso que muitos sites não tem uma seção desse tipo. É algo irritante quando alguém não entende sobre o que estamos falando e dói no ego pensar: “Como posso eu não estar sendo entendido?”. Na cabeça de quem fala parece sempre habitar um serzinho arrogante que não lida bem com essa idéia.

Mas fazer sites, escrever e tantas outras coisas que possuem uma expressão artística, que tentam comunicar algo, padecem do mesmo mal. Antes de haver a arte deve haver o artista, e antes do artista o ego. Isso não é exatamente uma coisa bonitinha porque não é para ser assim, é algo que é simplesmente e, talvez, se pudesse ser diferente, alguém já teria descoberto depois de tanto tempo de humanidade.