Você acorda e é só outro dia. Hoje
está menos quente, está nublado e cinza. Você tenta escrever
porque precisa e a dislexia apavora. Faz tanto tempo... Você vai
trabalhar porque hoje você não pensa nos motivos bons para
trabalhar, hoje você não pensa nos motivos bons, hoje você não
pensa nos motivos, hoje você não pensa, hoje você não, hoje você,
hoje... Você não sabe como as palavras saem, do mesmo modo que não
sabe como o ar entra. Você se pega lembrando de cinco em cinco
minutos que esqueceu de respirar. E respira e tenta focar e nada.
Porque de vez em quando temos dias assim. Porque de vez em quando o
céu cai. Porque acontece e não há o que fazer. Simplesmente
acontece. Às vezes não acontece, às vezes acontece. E não adianta
ficar bravo ou frustrado, assim como não adianta não ficar. Você
fica e ponto, mas fica por ficar porque não muda nada. Amanhã vai
ser um pouco menos pior, e depois de amanhã um pouco menos. Talvez
amanhã você consiga se concentrar no que precisa, ou talvez depois
de amanhã. Uma hora vai. Uma hora vai parar de doer. Uma hora você
volta a respirar. E talvez um dia cicatrize. E é o que tem para
hoje. Amanhã vai ser um dia melhor.
Breaking the Silence
Há uma semana