Já que não consegui produzir um texto legal sobre o meu inferno astral (a tentativa frustrada deu no texto “O cheiro do enxofre” que teria uma segunda parte mais cômica), resolvi aproveitar meu inferno astral para contar uma velha história.
Não consigo me lembrar quando ou onde a idéia surgira, lembro-me apenas que ela me ocorreu pela primeira vez enquanto eu assistia a um filme, provavelmente em companhia do Velho Bukowsky. Aliás, diga-se de passagem, costumo ter grandes insights quando assisto alguma coisa com o Buck, é uma pena que com o passar dos anos estes programas tenham se tornado bastante escassos, para não dizer raros, já que a última vez que assistimos a um filme juntos foi começo do ano passado. Não me lembro há que filme assistíamos naquela ocasião, lembro apenas que era sobre assassinos, um dos nossos temas preferidos, e que o mesmo havia sido produzido ou dirigido pelo Tarantino. O fato é que o Tarantino sempre dá um jeitinho de aparecer em alguma cena de seus filmes e nesse não havia sido diferente. O filme já estava no final, os protagonistas haviam fugido para o México e então, de repente, ao entrarem no bar do hotel... Lá estava o Tarantino, apenas para contar uma piada tosca e ser assassinado, tudo em menos de 2 minutos.
Eu queria de ter a habilidade do Sr. Graciliano Ramos para descrever como uma idéia surge na cabeça de uma pessoa. Foi tudo em um instante, como em um show de mágica, você olha a cartola e não há nada dentro, você olha de novo e... Voilá, eis um belo coelho branco. E o meu coelho branco era bem grande, com paredes caiadas que contrastavam com o avermelhado da terra entre canyons e um sol raiante. Um puteiro no México.
Não me perguntem o porquê deste estranho desejo. Existem pessoas que desejam ser jogador de futebol, existem pessoas que desejam assistir novelas, existem pessoas que vão ao baile funk, que assistem briga de galo, que fazem a farra do boi, que comem quiabo, tem até quem ame a Sabrina e que, principalmente, fazem de uma bobagem qualquer a motivação de suas vidas. Porque então seria absurdo pensar em um puteiro mexicano? Fico imaginando ele lá, no meio do deserto sob aquele sol todo, ao lado de um pequeno alambique e uma plantação de mezcal (um tipo de agave da qual se destila tequila)... Sim, que espécie de puteiro mexicano seria o meu se não tivesse sua própria tequila entre dúzias de outras. Também haveria de ter uma dançarina estupenda dançando com uma cobra Albina (e eu ainda nem assisti “From Dusk till Dawn”). E para completar, uma piscina e algumas mesinhas com guarda-sol para beber com os amigos, caso algum tenha coragem de me visitar um dia. Os devaneios posteriores incluíram também uma Jacuzzi ao lado da piscina e um quarto para o meu amigo Pinóquio, que um dia vai se cansar da política e acabará se decidindo por me fazer uma visita permanente. Agora, perplexos, vocês podem me perguntar: Mas que tipo de pessoa tem por objetivo de vida um puteiro na puta-que-o-pariu do México? E eu lhes respondo: Eu nunca disse que esse era o meu objetivo de vida... Se vocês têm alguma dúvida sobre isso, basta reler o título.
Little, Big
Há 2 meses
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