8:40 – 9:02
É bem cedo. O clima tipicamente tropical não nega a raça e manda ver em mais um dia quente e abafado. Eu tive que acordar cedo e viajar até um bairro distante para fazer um daqueles cursos ótimos para empresas e currículos, embora eu não esteja bem certo de que ele será tão interessante quanto útil.
Uma senhora introduz as palestras balançando freneticamente a cabeça enquanto fala, é bizarro. Os participantes ao meu redor vestem-se como se precisassem muito sentirem-se importantes. Nem parece que o palestrante a minha frente fala de Internet. Sim, esse mundo já foi mais “cool”, eu quase lamento o dia em que internet deixou de ser coisa de nerds.
11:07 - 11:14
A primeira coisa peculiar sobre o mundo da publicidade é que é um mundo pequeno, minúsculo para falar a verdade. É como se todas as pessoas no mercado coubessem em uma edícula. O que torna ainda mais peculiar a segunda coisa sobre ele: o excessivo culto a personalidade.
A coisa mais comum desse mundo é entrar em uma roda de bate-papo e escutar algo assim:
“...e então você não acredita, conheci o Tadeu Sbrubles”
“Sério??? O Tadeu?! Nooossa! Que máximo, o Tadeu é incrível!”
Mas quem diabos é o tal do Tadeu... bom isso é um mistério para muito poucos iniciados, aliás, eu não me surpreenderia se em uma roda com 6 pessoas menos de um terço atualmente soubesse quem é o tal do Tadeu.
12:30 – 14:00
Finalmente veio o almoço, a segunda palestra já estava perdendo a graça, o restaurante é bem legal e nós temos um mesanino reservado. O punk é escolher aonde sentar, uma escolha errada e qualquer chance de ter um almoço agradável pode dar lugar a monólogos chatos, inquéritos desconfortáveis e debates intermináveis.
As pessoas que eu conhecia resolveram me evitar descaradamente e sem nenhum constrangimento, o preço que se paga quando acaba o assunto durante o primeiro coffe break (ta, talvez só eu não soubesse quem é o tal do Tadeu, talvez eu esteja levando a sério demais o meu trabalho dentro desse “clubinho” que é a publicidade).
Dei sorte, acabei sendo abordado por um japonês interessado no meu trabalho e um povo simpático (felizmente nem todo mundo confunde um curso na Vila Olímpia com um casamento).
14:06
O medo geral básico pós-almoço é dormir barulhentamente, porque dormir em uma sala quente onde um palestrante vomita toda a sorte de dado técnico sobre a platéia todo mundo dorme.
15:32
Outro coffe break. Não agüento mais comer. Acho que daqui a pouco alguém vai entrar com maçãs e cordas e levar todo mundo para o forno.
18:30
Ufa, acabou, a última palestra foi sensacional, mas eu não consegui escapar da sala sem enfrentar um pequeno debate com uma garota que pensa que é madrinha da noiva. Bonitinha, mas tão cabeça-dura...
Eu só queria descobrir se estou ficando anti-social ou se eu estava muito fora d’água. O problema dos nerds é que eles não podem ver uma mulher bonita pedindo para entrar na festa que eles já perdem a cabeça, e foi assim que a Internet foi tomada de assalto por pessoas com mais batom do que cérebro.
Agora finalmente posso me preocupar com algo mais importante: Comprar ingressos para o show do Blind Guardian.
Nenhum comentário:
Postar um comentário