segunda-feira, dezembro 19, 2005
Desculpem-me
Ps.: Aproveito também o embalo para registrar o meu repúdio aos líderes mundiais pelo fato de que o Pacto de Versalles não pronuncie palavra alguma sobre um ato tão reprovável.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
Frase Red Dragon da Semana
Se é que ainda existem dragões...
E o mais engraçado é que essa frase pode ser irônicamente aplicada a qualquer coisa.
sexta-feira, novembro 18, 2005
Link - Coelhinho cantor
http://www.phrozenflame.com/flashclip/252
divirtam-se
sexta-feira, novembro 04, 2005
Liberta meu pensamento
Para variar um pouco o nada, esta semana eu tenho a impressão de ter acordado de um torpor de anos, não sei o que me deu e nem se já acabou ou se está por aí ainda. Pode ser apenas uma daquelas piscadas que damos durante a noite enquanto dormimos e das quais muito provavelmente ao acordar não nos recordemos. Mas está aqui agora, um lapso de consciência. Um lapso talvez muito produtivo até (assim espero)... Para variar surgiu do nada, mas acho que não foi bem do nada, foi do vazio, daquela dissonância em mim mesmo que eu odeio, aquela que faz eu me sentir transparente, fútil, inútil. Não sei, acho que ontem por algum instante lendo, ainda que apressadamente, uma HQ que nem valia à pena, perdido na tarde enrolado em um edredom sobre o sofá da sala de alguém de quem gosto muito e que agora sinto remorso de ter atrapalhado, ontem, consegui encontrar um pouco da paz que me foi há muito roubada. Não por nada, apenas porque foi um momento de privacidade da minha alma, um momento aonde me senti inócuo, um momento que pôde me mostrar a ausência e determinar a diferença entre a ânsia de ter que fazer tudo e a meditação inconsciente. É isso, um texto provavelmente confuso e mais do que provavelmente vazio de significado para a maioria das pessoas, perdido entre toneladas de terabites de páginas e arquivos, mas que para mim, ao menos agora, parece significar muito. Como já dizia aquele sábio pintor, a arte não está em saber aonde colocar a tinta na tela, mas em saber aonde não colocá-la. Agora torçamos para que este lapso de consciência, que é na verdade um lapso de inconsciência, porque rompeu a não-existência que a minha mente anda cruzando, possa rasgar o véu diáfano da não-existência que enveredou sobre o meu ser ultimamente fazendo de mim apenas uma casca.
terça-feira, novembro 01, 2005
Redshift*
O sonhar está lentamente voltando a ser uma parte lúgubre do inconsciente de onde saiu... e desta vez talvez volte, talvez por um longo tempo, talvez para sempre. Estou cansando de escrever no vento, estou cansado... Foram três anos escrevendo aqui e nas sombras da canção, o que por vezes me fez feliz e por vezes me fez triste, mas nunca me fez tão solitário quanto tem feito agora. Escrever, antes, era um sonho, depois tornou-se uma brincadeira, um elogio a um modo de pensar e a todas as pessoas que partilhavam dos meus pensamentos. Hoje talvez seja a placa de “bem-vindo” encontrada à porta de algum gueto ou a placa de “aberta a temporada de caça” sobre a toca da raposa. Amanhã talvez seja um pesadelo. A colméia, chamada humanidade, não admite sujeitos diferentes e diferente eu sou, intelectuais estão mais uma vez sendo vistos com maus olhos e logo veremos a fogueira arder. Que seja... A verdade? A verdade talvez seja que o meu Ego não suporta os golpes dos últimos dias, maldita mania de querer ser um herói que só me levou a descobrir que o Ego é um ser perigoso. Só sei que nada sei. E que imbecil pretenso eu fui querendo saber o mundo. Talvez seja a hora de ser um pouco mais inteligente e parar enquanto ainda há tempo.
* Redshift - http://www.on.br/glossario/alfabeto/d/d.html#deslocamentoparaovermelho
quarta-feira, outubro 19, 2005
Mais devaneios
Ando me sentindo perdido nos últimos dias. Bombardeado com várias idéias me sinto como o chão da floresta equatorial, cheio de sementes à espera de um raio de sol para me iluminar, aquecer e fazer florir novas idéias. É uma sensação bastante estranha. Fico procurando motivos que a justifiquem enquanto assisto indignado aos reclames do referendo sobre a comercialização de armas, o que me entristece é que as pessoas esqueçam-se de que gatilhos não disparam sem dedos e dedos não se movam à revelia. Assunto chato e cansativo, mas no que me diz respeito, acho que prefiro votar por uma morte rápida embalada pelo cheiro da pólvora que pela agonia de 13 ou 18 facadas. Juro que eu queria ter o argumento final, juro que gostaria de ter uma resposta definitiva para iluminar à todos nós, párias, descamizados e famintos que continuaremos sem ter dinheiro para comprar arroz, quanto mais um trinta e oito. Mas quem sabe um daqueles tios gordinhos que ocupam os assentos do parlamento não tenham uma boa idéia e, tal qual fizeram impedindo a reprovação dos alunos nos colégios, não nos proíbam de morrer? Ninguém mais morreria, os donos de fábricas de armas poderiam continuar vendendo seus produtos e todos seriamos felizes para todo o sempre. Não importa... Já estamos todos mortos. Morremos quando nos fora negado o esclarecimento, morremos a cada dia um pouco quando nos impedem de dar cabo às trevas de nossa ignorância, morremos porque a despeito do que digam a informação é para todos... todos aqueles que possam pagar por ela. Para os outros resta apenas o marketing.
Ah... Cansei-me... Disse que não ia falar sobre isso e acabei dando com a língua nos dentes... Fico feliz apenas porque só consegui escrever quando não tentei fazê-lo. E talvez seja isso, talvez a minha criatividade esteja empedrada por causa disso. Ou talvez não. A única coisa que sei é que no último mês ganhei uma maravilhosa amiga sereia e ontem ela me fez a pergunta derradeira. Disse-me ela:
_O que você perdeu?
E atônito eu respondi que não sabia. Não sabia e continuo não sabendo, mas perdido está... é um fato.
É isso meus amores, agora tenho lição-de-casa para fazer, então me vou. Peço que me desculpem pela ausência prolongada e por não voltar aqui cheio de histórias divertidas sobre as minhas “férias” na Oktoberfest. Mas por hora está difícil e eu ando bastante preocupado com o meu selvagem companheiro Nihil...
sexta-feira, setembro 30, 2005
Perda de Tempo
2:02am, vagam pela casa eu e os espectros da noite. A luz vinda do quarto no final do corredor espalha pelo resto da casa uma tênue iluminação que tinge com tons de amarelo as cores azuladas da visão noturna. Sigo o corredor a passos calmos, alcanço o quarto com os cabelos molhados começando a formar cachos e, numa retrospectiva de falas perdidas por outrem ao longo do dia, penso quanto tempo perdemos ao longo da vida com preocupações fúteis e assuntos menores sem nunca se dar conta disso. Nesse momento roubo uma hora do meu sono já atrasado pela espera de um visitante ausente para redigir essas parcas linhas. Redijo-as para não perder o costume, redijo-as para cumprir uma promessa feita a mim mesmo, redijo como se esta fosse uma carta endereçada ao meu nome. Enfim, escrevo por motivos diversos, mas retornando ao assunto, perdemos tempo com muitas coisas que, de fato, não interessam. É isso, foi só uma constatação, não pretendo perder muito mais sono para explicar o que deve ou não interessar. O fato é que algumas das coisas que quero estão estagnadas a dias por conta das falsas prioridades a que a vida moderna nos impõe.
sábado, setembro 17, 2005
"Home is where your heart lies, they say."
Não sei quem pronunciou essa frase pela primeira vez, nem quem foram os primeiros a propagá-la, mas gosto de pensar, como decerto deve ser, que esta frase surgiu em meio àqueles homens bravios que singraram o azul desde o princípio das coisas. Pode ser apenas ilusão minha, mas essa é parte de minha natureza de pretenso contador de histórias e tecelão de sonhos. Assim, sonhem comigo. Sonhem porque é na ousadia dos homens que seguem em busca do lugar onde o céu toca o mar que mora a verdade. Sonhem porque embora só os sonhos possam ser assim tão belos, não é preciso fechar os olhos para viver pesadelos. Sejam grandes e audazes, mesmo que isso por vezes signifique arriscar o que lhes é mais caro, como tantos homens e mulheres o fizeram antes de nós. "Be bold - and mighty forces will come to your aid" - Basil King. Porque mesmo se estivermos à deriva, mesmo se tudo o mais der errado, o nosso lar continuará sendo o lugar aonde o nosso coração pertence.
terça-feira, setembro 06, 2005
Paradoxos
terça-feira, agosto 30, 2005
Siriris
segunda-feira, agosto 29, 2005
Às mais belas flores
Algumas coisas são mais surpreendentes do que deveriam. É estranho não reconhecer a beleza rara de uma flor. A delicadeza plácida e até um pouco vulgar das pétalas, o modo como elas se atam às sépalas, seus pistilos longos e delineados, o sabor intenso do néctar, o aroma exuberante, as cores vibrantes... Nenhuma flor é igual a outra. Não, cada botão é único em sua pequena existência e a cada florada novos botões abundam sem nunca se repetir.
Eu costumava comprar flores... Grandes gérberas alaranjadas e, às vezes, botões de rosas com suas aveludadas pétalas vermelhas. Foi a um longo tempo, se foi. Eu adorava a situação como um todo de ir até uma banca de flores e escolher lentamente o botão perfeito. De sentir a umidade vinda dos vasos e o cheiro das flores no ar, de ver o florista trabalhar acertando o comprimento do caule e limpando-o dos acúleos. De andar pela rua levando o botão solto e fresco e do olhar poético que as pessoas lançavam sobre mim. E quando chegava ao meu destino eu adorava assistir aos risos florescerem, encantadores, sinceros, profundos, inesquecíveis, únicos.
domingo, agosto 21, 2005
Vômito
Tudo começou ontem à noite. Fui a uma festa de noivado muito legal de uma amiga minha da faculdade, que me arrependo de não ter conhecido antes, assim como a todas as pessoas com quem atualmente eu falo por lá. É como se depois de todos esses anos o curso tivesse separado o joio do trigo e agora eu possa encontrar pessoas que são como eu. Isso é adorável, embora não queira dizer necessariamente algo além disso. São pessoas como eu sou, nem melhores, nem piores do que as outras pessoas. Na vida carecemos ter pessoas diferentes assim como carecemos ter pessoas minimamente parecidas conosco. Mas às vezes o manto da igualdade esconde diferenças estarrecedoras. Enfim, o meu leitor que me perdoe o raciocínio tortuoso, é que quando passamos por um período de estiagem criativa, nós escritores, temos acessos nos quais vomitamos todas as idéias que nos vêm à mente, tudo o que pensamos, tudo o que sentimos; acessos que queremos, desejamos, precisamos grafar de qualquer modo. Para mim, hoje é um desses dias.
Como eu ia dizendo, ontem fui a essa festa em uma tradicional balada rock n’ roll paulistana. E sob a sensação hospitaleira da fraternidade não consegui evitar me sentir um pouco deslocado por estar entre várias pessoas que conheço a pouco tempo. O que mais uma vez me obriga a interromper para pedir desculpas, pois o fato de serem novos amigos não os diminui de modo algum. A admiração mútua, o tratamento afável que se estabelece entre todos nós é de todo respeitoso e sincero, o que me comove bastante a despeito do fel. O fel é apenas um desconforto fútil que sinto, semelhante a começar um livro pelo seu último capítulo. Como assistir ao final de uma peça identificando-se a um Hamlet cuja paixão se desconhece. É o grito agonizante de alguma sinapse esquizóide em meu cérebro.
Não sei se vocês compreendem o que tento falar, entendo que as sucessivas interrupções narrativas a que eu vos submeto evidênciam o tão pernicioso assunto. Eu falo sobre o medo. Maldito medo que me persegue noites a fio, sombra longilínea que se estende a partir dos meus pés. Queria entender quem me infundiu todo esse medo. Quem... Eu mesmo talvez, tendo me submetido a meia dúzia de relações espúrias que me fizeram apenas mal. Agora eu medro toda vez que recebo um olhar afetuoso, esperando um golpe de chave inglesa por cada sorriso. Não compreendo a mim mesmo. Tenho, às vezes alguns delírios de entendimento, pálidas idéias que não conseguem refletir a realidade. Realidade... E o que é a realidade senão um status mórbido criado por cada um de nós para convenientemente simular o meio e justificar aos nossos atos, a nós e aos nossos imensos umbigos.
terça-feira, agosto 16, 2005
Tum-tum
Os latidos dos cães ecoam noite adentro pela vizinhança.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Sem sono... de novo. Fico deitado observando as fotos antigas no mural do outro lado do quarto.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Faz tempo que não o organizo ou a qualquer outra coisa dentro do meu quarto. É como se ele houvesse parado no tempo há um ano, um ano e meio.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Viro para o outro lado e olho a parede. O sono não vem.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Fico olhando a textura da parede, não consigo dormir. Meu coração bate muito alto.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
A minha mente passa por um milhão de coisas sem se fixar em nenhuma, eu fico ouvindo o meu coração bater e bater e bater e me pergunto o que está errado.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Um pernilongo tenta se aproveitar da minha distração, eu logo ligo o veneno no quarto.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Fico com sede, levanto, vou até a cozinha, tomo um copo d’água e na volta vejo o relógio. Faz quase uma hora desde que me deitei e até agora nada, nem mesmo uma boa idéia para escrever. Acho que o tempo que eu tenho passado sozinho está começando a me afetar. Olho admirado para as últimas linhas e me surpreendo como um simples copo d’água faz as linhas correrem mais depressa.
Tum-tum, tum-tum, tum-tum, tum-tum.
Um gato de rua começa a miar no quintal e o meu cachorro acorda, os latidos deixam de ser apenas ecos; o pernilongo continua vivo em algum lugar.
Sinto que não consigo ter nas pessoas a mesma confiança de antes, não sei por que. Muitas coisas, a falta de escrúpulos da grande maioria que acha que você não nota, pessoas de quem gosto desaparecendo subitamente, opiniões duvidosas.
Silêncio.
Os carros pararam de passar, o gato se foi, meu cão voltou a dormir e os ecos quase cessaram. O meu coração? Parece estar batendo mais rápido e quieto, saudades de alguém que partiu há muito tempo.
As pontas dos meus dedos adormeceram, faltam seis minutos para as 3:00 e parece que a noite vai ser realmente longa.
terça-feira, agosto 09, 2005
Explosão criativa
quarta-feira, julho 27, 2005
He Wishes For The Cloths Of Heaven
Had I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet ;
Tread softly because you tread on my dreams.
O poema que eu mais amo no mundo...
segunda-feira, julho 25, 2005
E um novo dia virá...
Ele havia acabado de acordar. A luz invadia o quarto pelos frisos da janela fechada. Ele esfregava os pés um no outro por debaixo do lençol e com um leve sorriso no rosto pensava em um café bem ao estilo dos comerciais de margarina. Não precisava de paredes e roupas brancas ou da família toda reunida na mesa, só queria um pão na chapa bem quente e cheio de manteiga, sim, manteiga de verdade, nada de gorduras vegetais e aditivos químicos bizarros, apenas as coisas como elas deveriam ser naturalmente, sem complicações adicionais. A vida pura e simples como ela pode ser... Um pulo do beliche, alguns instantes procurando por uma camiseta no armário e um dia novo pela frente. Atravessou um corredor e a sala vazia parando apenas para ligar o rádio e constatar que estava sozinho. O som alto ecoou pela casa e o rock clássico dos anos 80 realçou seu entusiasmo fazendo-o lembrar das antigas fitas K-7 que suas irmãs levavam para viajar quando criança. Por um instante o sol brilhou mais forte e uma brisa iniciou um farfalhar de folhas, o céu reverberou mais azul e o verde das folhas tornou-se infinitamente mais verde. Alguns instantes em frente ao fogão, um copo de leite e estava pronto o seu café alto-astral. Juntou os pães sobre um prato, pegou todos os utensílios de que precisaria e com as mãos cheias atravessou o corredor de volta à sala onde o lilás de uma orquídea sobre a mesa em seu centro invadiu os seus sentidos. Naquele breve instante em que ele se fez confuso, mãos delicadas cobriram-lhe os olhos e o cheiro dela preencheu seus pulmões. Seu coração disparou e a surpresa se fez completa.
segunda-feira, julho 18, 2005
Registro Geral número...
segunda-feira, julho 11, 2005
Pesadelo
Feixe a porta que separa a sua consciência do mundo exterior deixando todos os sons do lado de fora.
Respire devagar e profundamente por três vezes.
E só então leia.
Imagine o terror de acordar de um pesadelo que te assombrou a noite toda. Uma noite azul, escura, quase negra e fria... Absolutamente fria. A respiração ofegante, o suor frio a escorrer salgado sobre a face depositando-se em suas sobrancelhas a ponto de fazê-las pesar mais que o mundo. Um pesadelo que te fizeste correr o céu durante a noite toda, dilacerando teus pés descalços em um chão metálico de pontas de agulhas partidas, molhadas e frias raspando teus ossos. Uma corrida interminável e tão agitada quando o desespero dos últimos grãos de areia de uma ampulheta tentando não cair pelo buraco. Imagine o cansaço queimando os pulmões como se eles estivessem repletos de ácido invadir o teu corpo, aquele mesmo cansaço que surge diante da exaustão, que salga a boca por baixo da língua e que traz à tona a vertigem. Imagine o céu girando em falso sob os teus pés e deixando-te imóvel na estratosfera enquanto chega a aurora. Os primeiros raios de sol despontando no horizonte revelando a silhueta distante daquilo que tu persegues, raios que irão queimar-te antes que o alcance. Raios estes a mostrar que tu passaste a noite toda correndo senão atrás de você mesmo como o cão corre bobo atrás do próprio rabo. Imagine acordar, sentar na cama gelado enquanto alguém se aproxima a passos lentos, assistir inerte e cansado a esse alguém se declinar aos teus pés e ser flagrado por um tênue facho de luz no instante em que se abaixa revelando que é você. E que seja o que for, pesadelo ou realidade, ainda não acabou.
sexta-feira, julho 08, 2005
Animaniacs
http://www.gandalf23.com/LoAPictures1.html
O destaque, é lógico, é para a foto intitulada Animaniacs... mas a dos Scuds também é ótima.
Divirtam-se!
quinta-feira, julho 07, 2005
MAC
quinta-feira, junho 30, 2005
Análise político-sintática
Estava eu tranqüilamente almoçando e assistindo ao jornal, um dia desses na semana passada e veio a estarrecedora notícia: O site do partido do presidente (que todos sabemos trata-se de uma organização pública e governamental) acusava a oposição de golpista. Estava armado o escândalo, a mídia logo começou a apurar aos fatos e a entrevistar alarmados representantes dos partidos de oposição no planalto. O primeiro representante logo disse: “É sabido que nosso partido nunca participou do golpe neste país, para tanto, basta apenas observar a história. Sempre fomos contra o golpe!”. O representante do segundo partido logo esbravejou: “Não sabemos de golpe nenhum, se o governo afirma que somos golpistas o governo deve mostrar as provas!”. O representante do terceiro partido pronunciou-se com toda a autoridade: “Golpe? Queremos saber a qual golpe que o governo se refere! O governo precisa dizer de qual golpe está falando”.
Sabe, na qualidade de estudante de língua portuguesa me reservo o direito de continuar odiando sintaxe, mas eu ainda adoro a parte sobre as ambigüidades!
sábado, junho 25, 2005
Vermelha
Perfeitamente vermelha escura.
Deslizara pelo branco aveludado, lentamente, ora atrasada pelos pequenos pelos, ora correndo mais de pressa até a borda onde se debruçara com um brilho vivo, intenso, furtivo, balançara, pulsara, pendera e caíra. Viajando por centenas de longos instantes pelo ar, perdida, redonda e vermelha.
O tempo parara. Algumas vezes pestanejava, caía em um sono longo, etéreo e instantâneo, visitava pradarias, bosques, montanhas e ia muito além. O cheiro de madeira invadia as narinas, as extremidades do corpo reclamavam frias, as mãos ásperas falhavam, vacilava... E o sono perseverava mais forte que tudo, disputava, tentava acordar, piscava forte contra o sono dos justos. Às vezes um raio de luz refletido no copo de vidro que ia e voltava saltando os frisos do assoalho de madeira alcançava a gigantesca pupila dilatada que não precisava mais esconder-se atrás da pálpebra para sonhar. Alçara vôo sobre dois mundos. De súbito todas as cores ganharam um brilho forte, sobrenatural, como se a tinta do quadro borrasse em milhares de tons impressionistas. Não havia mais extremidades e cada cor era feita de milhares de outras, estava dentro de um quadro. Em um átimo de segundo sentiu-se finalmente livre, o corpo parou de lutar, os músculos cederam, a consciência deu lugar à inconsciência.
Acordara bruscamente com o estardalhaço. Eram milhares de gotas vermelhas a surgir da derradeira que despedaçara-se ao encontrar com a água, multiplicando o impacto e o efeito do vermelho vivo diluindo e desaparecendo no líquido transparente. O estrago já havia sido feito. O vermelho escorria sobre o cavalete e o chão misturando o seu forte odor ao do vinho. A tela branca possuía agora manchas produzidas por um efeito errático. Rorschach.
segunda-feira, junho 20, 2005
Conhecendo gente pela net
_O que? Azul? Azul e grande?? Azul, grande e até o lugar onde o horizonte alcança o céu???
E eu:
_Assim? Completamente estranho, alheio e desconhecido???
Nunca. Nem ao vivo, nem a cores, nem por e-mail e nem por pulso telefônico, quem dera por carta registrada. Não houve MSN, Orkut ou afim que realizasse tal tarefa hercúlea com êxito, nunca deu certo. Aliás, isso é mais que estranho já que tenho amigos realmente bons nisso, alguns beirando o profissionalismo, atravessando barreiras alfandegárias, fusos, meridianos, quiçá planetas.
As Minhas melhores tentativas (diga-se de passagem, já bem caducas) foram em alguns Chats. Algo quase que pré-internético. Lembro como se fosse ontem daqueles dias da aurora da net, eu passava as noites na casa de alguns amigos e olhávamos espantados pela janela do apartamento um dos vizinhos atravessar a noite debruçado no teclado, provavelmente em algum Chat. Algumas vezes disputávamos o computador, tudo por essa chance dourada de encontrar alguém. Parecia algo milagroso como se equilibrar vendado num monociclo com um pedaço de bambu sobre uma linha telefônica de um lado a outro da rua guiado pela voz de outra pessoa (na verdade nem a voz) ou como mandar uma mensagem numa garrafa e obter uma resposta. Tentei uma dúzia de vezes quando me senti sozinho em casa chegando perto de manter algum contato regular com alguém umas três ou quatro vezes. No fim aquelas que não frustraram frente a alguma ideologia fundamentalista dos candidatos caíram por terra junto à conexão telefônica. Depois disso desisti por um tempo e nunca mais cheguei a tentar com tanta seriedade.
Agora ando tentando novamente com a disposição de um radioamador transmitindo em CW (Morse), às vezes tenho a impressão de que sou demasiadamente estranho para que isso dê certo, às vezes me pergunto quem não o é... Talvez seja só falta de sorte, ou talvez meu estilo seja apenas old fashioned... Hoje conversei pela primeira vez com uma garota simpática que acabei de conhecer no Orkut, até comentei sobre essa minha característica. Ela me disse que conhecera a maioria de seus amigos pela Internet, foi um momento engraçado, como se o último Neanderthal encontrasse o primeiro Homo Sapiens. Quem sabe amanhã ou depois não conversaremos de novo?
domingo, junho 12, 2005
Inconsistência
Não é um dia muito bom esse, me faz lembrar de outras dessas datas que se restringem a fatos, como aniversários de namoro. Um dia eu gostei muito de aniversários de namoro, não por pieguice, apenas por que me divertia com isso. Hoje adquiri um certo pavor da idéia, não gosto nem de pensar no assunto porque algumas pessoas vêem essas ocasiões como doença, vislumbre... e porque não dizer como gnomos? Sim, gnomos, frutos de uma imaginação fértil em busca de uma manifestação encantada da realidade... essas coisas que satisfazem perguntas sobre quem somos e de onde viemos e sobre as quais as pessoas tem uma obsessão. Pessoalmente prefiro não dizer o que penso sobre gnomos, já tive minha cota deles na vida, nada contra, apenas prefiro pensar em ações físicas e mais ordinárias para resolver os meus problemas. Acho que isso me matou o gosto por essas ocasiões, essa capacidade humana de enxergar “o mal” em tudo que existe, que mesmo quando ignoradamente manifesta sempre se vê um fundinho lá no canto dos olhos (e da qual, infelizmente, eu também não sou isento).
Quando eu penso no dia dos namorados não consigo um bom motivo para comemorá-lo, embora eu não adore a cultura estadunidense, penso que o Valentine’s day é melhor nisso, pois ao comemorar também as amizades acaba sendo uma comemoração do afeto humano. De qualquer forma não estamos nos EUA, eu só devo ver os meus melhores amigos daqui a uns quinze dias e as minhas tentativas de aumentar o meu número de amizades tem sido no mínimo frustrantes. E pensando diretamente no assunto, eu sou impossível de se namorar, as pessoas consideram meus gostos estranhos, minhas idéias chocantes, meus atos provocantes. Lembro até de uma garota que me disse que eu sou melhor amante do que namorado. Acho que ela esta certa, sou melhor diversão para uma noite do que para um inverno. Moral da história o dia fica assim, com essa cara estranha, uma espécie de lembrança ridícula da quantidade de relacionamentos malfadados que tive (aos quais somam-se numerosas amizades) e da minha inconsistência como objeto de namoro. Eu nem sei porque ainda fico me lembrando disso já que vai ser só mais um dia trancado em casa no computador, o que acontece todos os dias...
quinta-feira, junho 02, 2005
Mea culpa
Chame de rancor, chame de decepção, chame de abandono, chame do que quiser, não me importo. Já me importei muito e por um tempo longo demais, naquela época ninguém se importava. Hoje eu não quero mais, me tornei outra pessoa, embora o que eu sinto e estou preste a escrever nunca tenha mudado.
Chamem-me de cão raivoso. Chamem-me porque ladro, não consigo aceitar o abandono, nem negar o ódio que sinto por permitir que aqueles que amo tenham um dia me machucado.
Chamem-me de teimoso porque eu não consigo dar novas chances para aqueles que me abandonaram um dia. Porque não consigo dar outro nome a isso senão traição. Embora machucados aconteçam, mesmo sem querer, há feridas que não cicatrizam, como a traição de um amigo.
Sinto-me pequeno por tudo isso e culpado porque, apesar do crime não ser meu, não sei se posso perdoá-los; embora eu acredite ser capaz, não consigo dar uma nova chance para ser apunhalado. E seria isso perdoar? Confiar desconfiando? Ou seria estupidez esperar encontrar a redenção onde ela pode não existir?
Minha estupidez me envergonha, assim como a minha falta de confiança em que eu possa ser forte e sábio para passar por tudo isso sem cometer o erro de atribuir as pessoas valor outro que não o seu real.
segunda-feira, maio 30, 2005
Passagem rápida
Passa algumas horas, termina sem demora, sente o gosto e a saudade...
Termina, sente falta, acaba, volta, acorda, enrola, pisca, passa a hora...
Sai a chuva, raia o dia, olha lá fora o frio que se enrosca aos artelhos...
Passa a manhã, tarde, noite, passa dias, vontade, fúria, paixão, vazio...
Vazio, vazio, vazio...
Passa triste, a sós, baixinho, devagar, devagarinho, só naquele instante...
Naquele ocasional instante que alguém convencionou chamar de vida.
quarta-feira, maio 25, 2005
Seria tudo isso apenas brincar com demônios?
A água corria por entre as telhas e gotejava no forro velho carregado de cupins. Além do barulho, arrastava o pó de anos e descia escorrendo pelas paredes marcando-as com tons amarelados e marrons. Havia passado das sete horas há não muito tempo e a chuva que durara a noite toda não havia cedido um milímetro sequer. O assoalho trepidava com os ônibus a passar pela rua e o sono já se debatia tentando abandonar o corpo. Como era de praxe, ele mexera-se muito durante a noite e os pés frios tentavam insistentemente encontrar alguma parte do cobertor para esquentarem-se sem chutar de forma estúpida a gata para fora da cama. Poucos dias haviam se passado desde que fora demitido, mas o tempo já havia começado a jogar seus jogos e ele não fazia idéia de que dia era aquele. Tateou o criado mudo acordando irritado com as goteiras que o lembravam das contas para vencer e praguejou algo contra o mundo. Encontrara apenas a caixa vazia do antidepressivo que havia acabado meses atrás quando teve que optar entre as contas que podia pagar. Péssima idéia, pensava ele agora.
sexta-feira, maio 20, 2005
Paisagem
quarta-feira, maio 11, 2005
Ops... parece que é a minha vez...
Antes de soltar o texto uma pequena explanação: hoje foi meu último dia de trabalho no Sub e essa foi a carta que escrevi para me despedir de todos por lá. Nos próximos dias acredito que vocês assistirão a atualizações mais freqüentes, já que uma das coisas que estava dificultando isso era o fato de terem bloqueado o blog no meu antigo trabalho. Assim, deixarei maiores considerações para mais tarde, por hora, divirtam-se com a carta, que eu acho, ficou muito legal. Segue o texto:
Assunto: Ops... parece que é a minha vez...
Olá,
Lembra de quando éramos crianças, no colégio, correndo pulando e brincando? Daquela vez que íamos apresentar aquela peça de teatro e você perdeu a deixa para entrar no palco? Pois é... essa é a minha deixa. É hora de deixar as luzes do palco.
Pouco mais de um ano se passou e foi um ano e tanto. Tantas novidades, tantas amizades, tantas coisas e tão rápido... Mal o luzeiro do céu deitara e se levantara, era ainda ontem, quando eu entrei por aquele portão cheio de guardas, em um terno preto, para a entrevista. E logo após isso veio o primeiro dia, o dia que começou comigo sentado na copa esperando a minha nova chefe chegar e terminou sobre uma mesa vestido com aquela roupa estranha ao som de Conga. Não foi há muito tempo, o primeiro de tantos dias em que sentei eu e a minha pena no meio da passagem no Comercial e escrevi sobre aqueles sonhos que os homens projetam sobre telas. Nesse meio tempo houveram demandas diversas, empreitadas em feiras de anime, houveram dias etiquetando brindes, textos para a loja de bebês e quebra-galhos em e-mails do marketing. Houvera até aquela vez em que me vesti de mergulhador para um certo trabalho de graduação e uma divertida entrevista de onze páginas para o jornal. Mas nem tudo foi trabalho, foram almoços no Seiva, no Wall e no West, pasteis até, teve até petit-gateau! E as barras de chocolate que escondemos do Tuba por muito tempo! Você se lembra?
Espere... você ouviu? É a minha deixa de novo! Já estou atrasado e ainda nem falei nada, não disse sobre tudo o que aprendi e, mais importante, sobre os amigos que ganhei e, espero, levarei comigo para a vida. Sabe como é, não sou bom com essas coisas de despedida, já estou nervoso, trêmulo, erro os toques no teclado. A respiração falta, fica presa lá no fundo do peito e os olhos marejam.... se quer enxergo as letras borradas...
Perdoem-me a emotividade... já não consigo mais escrever...
Deixarei, na minha boca, que o canto das palavras de outro poeta terminem o ato. É chegada a hora... obrigado a todos por tudo e até breve...
Soneto de separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinícius de Morais in livro de Sonetos)
Ps.: Escreva-me!
quinta-feira, abril 28, 2005
Nunca subestime a capacidade de um ser humano em ser um filho da put4
quinta-feira, abril 14, 2005
E você? Sabe qual foi o crime do Padre Amaro?
Este é uma curta demonstração de indignação frente a um professor com idéias absurdas e uma ode a um almoço muito agradável. Conversar com o Buck sempre é muito bacana, a conversa flui, a criatividade também e eu sempre acabo tendo novas idéias para escrever. Eu estava justamente comentando com ele o absurdo que é o meu professor de Literatura Portuguesa I aplicar provas de controle de leitura. Isso mesmo, aquelas provinhas que os professores davam para a gente no finado primário, conhecido hoje como Fundamental I, com aquelas perguntas do tipo “Qual a profissão de Amaro?” que servem única e exclusivamente para saber se o aluno leu o livro. Bom, por falta de uma ele vai aplicar duas, ou melhor, a primeira foi na semana passada, sobre o bendito do Padre (e eu a perdi), e a segunda, sobre “Os Maias” (não os índios, os portugueses que viraram outra droga de novela) eu não faço idéia de quando será. Como se não bastasse o vexame, se eu não fizer nenhuma das duas ele vai me reprovar direto. Pode uma coisa dessas? Eu, adulto e trabalhador que sou, além de ter que agüentar as atividades de 4 série que me são impostas no meu trabalho, agora tenho um professor que acha que eu tenho 7 anos de idade. Tanta coisa para se investir e o cara quer aplicar em um curso de graduação uma prova dessas! Eu até entendo a boa intenção dele querer forçar os alunos dele a realmente ler os título, é necessário, mas não paga as minhas contas, muito menos a aspirina que isso vai me fazer tomar. Porque ele simplesmente não faz como todos os outros professores que lêem e discutem o texto em aula? Confesso, eu não li “O Crime do Padre Amaro” e não li muitos outros livros que deveria ter lido, mas em um país onde é proibido reprovar o aluno (o que não me desce e nem vai me descer) é isso que vão fazer com o aluno? Qual o próximo passo? Ler Ruth Rocha na Pós?
Esta história é verídica.
Atualmente Buck trabalha para o governo (de verdade!) e alopra professoras de sociologia em faculdades de direita.
Os Maias agonizam no túmulo junto com o Eça, seu criador, tanto os índios, como os portugueses depois de mais uma adaptação “Global”.
O Azeite Galo auxilia a produção de posts subversivos como este, não me pergunte porque, só sei que era o que cantávamos quando saímos do restaurante... “Ó Rama de oliveira...”.
O Crime do Padre Amaro eu não sei, mas eu e o Buck supomos que seja o de sempre, ele comeu alguém! Ou você já ouviu falar de padre formador de quadrilha?
E atualmente o autor deste texto cria estratégias para matar aulas e trabalho para saber mais sobre os coitados dos índios, digo, Os Maias, enquanto espera que este texto possa tornar mais divertido o dia de alguém.
sexta-feira, abril 01, 2005
Além do tempo e do espaço
“When you are born you're afraid of the darkness
And then you're afraid of the light
But I'm not afraid when I dance with my shadow”
Eu tento digitar meu trabalho no computador, mas como posso se eu não estou aqui? Estou agora perdido em algum lugar entre amanhã e ontem, ouvindo Pear Jam, cantando Aerosmith, olhando o meu trabalho e escrevendo este texto. Se você acha que sou louco, não ache, isso é um fato, você chegou atrasado. Não vem ao caso.
A sala onde estou tem horríveis paredes sujas, pintadas de cinza, azul e amarelo, e é retangular com várias colunas de concreto ladeando as paredes. Uma alcova à minha frente guarda um extintor de incêndio com a classificação inapropriada para o ambiente, inútil caso algo aconteça, ventiladores estão espalhados pelos cantos e no centro diversas mesas juntam-se lado a lado de frente umas para as outras, formando um grande retângulo cheio de computadores, a maioria velhos. Uma planta enorme permanece em cativeiro junto à parede quase atrás de mim, suas folhas parecem começar a amarelar e eu penso que por melhor que seja ter uma planta aqui, é um crime condená-la a luz dos cátodos e a não mais ver o sol, e se isso é cruel com ela imagine conosco. A minha mesa é um pouco curta e bagunçada, nunca encontro nada no mesmo lugar, pois as faxineiras fazem uma zona gigante quando pseudolimpam-na. Porém, nada disso me parece real, e será que é realmente? Eu poderia lhes descrever o que vejo que não é nada disso, paredes de pedra, tatames, mas creio que vocês hão de concordar comigo: não carece...
“Oh yeah she's got that kind of love incense
That lives in her back room
And when it mixes with the funk my friend
It turns into perfume”
No lugar desta realidade torta, mórbida e cansativa que me permeia, minha mente me carrega para paisagens mais agradáveis, arrastada, em verdade, por um certo perfume, uma pele macia, uma doce saliva e uma voz deliciosa. Sinto-me até um pouco tolo, pois, neste instante em que eu não estou aqui, minha mente é mantida prisioneira de bom grado. Ela jaz atada a seu corpo, como uma das contas vermelhas de um colar que mora em seu peito. Mas isso tudo está muito longe de ser uma prisão.
“She a friend of mine
She a concubine
The sweetest wine
I gotta make her mine”
terça-feira, março 29, 2005
Boa noite e boa viagem.
É, já contei algumas vezes que escrevemos sempre para alguém, e acho que eu estou numa dessas épocas em que eu não sei para quem escrevo. Assim decidi escrever este texto para as pessoas que não mais estão aqui. Não, não estou falando de mortos e de cemitérios, mas daquelas pessoas que por um breve instante da eternidade, significaram muito para mim, mas que, por um motivo ou outro, seguiram estradas diferentes.
Tento me segurar, mas o sarcasmo que herdei com o meu sangue não me permite o silêncio: existem aqueles que pegam estradas diferentes e aqueles que deliberadamente as escolhem, mesmo que não queiram acreditar nisso ou simplesmente não o admitam. E é óbvio que este texto fala sobre o segundo tipo de pessoas.
Paro, olho para o teclado, olho em volta e percebo que chegara o momento no qual todos os meus textos parecem estar empacando ultimamente, logo após sua introdução. Mas este é um dos que eu tenho que enfrentar, por mim e por mais ninguém. Não acho que alguma das pessoas em quem estou pensando agora venham a ler este texto algum dia, esta é uma possibilidade remota, então não é isso o que tenta me impedir e sim o apego. A verdade é que eu decidi parar de lutar contra as vontades alheias. Querem ir? Vão... e tenham a minha benção. Sim, estou chateado com isso, sim me sinto ofendido, abandonado talvez. Mas de todas as coisas sobre gostar das pessoas, talvez esta seja a mais certa: embora amor não se meça, as pessoas não se gostam igualmente e muitas vezes você irá gostar mais de alguém do que este alguém de você, bem como muitas pessoas gostaram de você bem mais do que você delas, talvez bem mais do que você ame a si mesmo. Entendam como quiser, esta não é uma carta de alforria, não existem correntes com as quais eu prenda as pessoas, ou qualquer forma de posse que eu estabeleça, e tendo estas pessoas todas partido já há algum tempo isto reforça a minha afirmação. Este é apenas um desejo sincero de uma boa viagem vida à fora.
Gostaria que este texto me fizesse sentir mais leve, que purgasse meus pecados, minhas hereges paixões e que extinguisse as minhas saudades. Infelizmente ele não é capaz disso, então aqui eu o encerro e me entrego para os braços da escuridão de mais uma noite sem estrelas.
segunda-feira, março 21, 2005
terça-feira, março 08, 2005
"8"
“ ‘Cause the child roses like,
Try to reveal what I could feel,
And this loneliness,
It just won't leave me alone, oh no.”
Logo, não havia mais bolas na mesa, não havia mais copos, não havia mais chão. Os faróis dos carros iluminavam a vida longe em movimento, em flashes que não alcançavam as janelas. Havia lábios, olhos, cheiros, êxtase. O tecido amortecia os movimentos e a luminária pendulava novamente.
quarta-feira, março 02, 2005
Dá um tempo.
sexta-feira, fevereiro 18, 2005
Intelegophobos
segunda-feira, fevereiro 14, 2005
Balanço
Depois de muito deliberar, ele concluiu que estava melhor do que há um ou dois anos, mesmo não tendo se tornado a pessoa que gostaria de ser. Acontece que na vida temos que fazer escolhas que nem sempre são felizes e não temos tempo para fazer tudo àquilo que queremos. Algumas destas escolhas fizeram com que ele perdesse parte de seu condicionamento físico. Outras, descobrir pelo 3 ou 4 ano seguido que nem sempre os nossos amigos estão ao nosso lado e nem sempre quem está ao nosso lado é nosso amigo. E outras ainda, o fizeram perceber que algumas vezes deixamos passar ocasiões que nunca se repetirão novamente e que para realmente ser alguém na vida tem que suar muito a camisa.
Que ano... Pensava ele deitado, observando o céu, sem se orgulhar do que havia descoberto. Na verdade nem acreditava ter descoberto algo, apenas havia provado tudo na pele.
Prostrado no gramado com a pele eriçada pelo toque leve do vento que trazia os primeiros sinais do outono vindouro, pensava ele como havia se tornado um homem muito mais cético do que jamais acreditou ser capaz. Indagava a si mesmo se ainda possuía alguma inocência e observava que algumas pessoas outrora tão grandiosas para ele eram nada mais que humanas, nem piores, nem melhores. O tempo em que todos seguiam juntos para o mesmo lado havia acabado. A lei hoje era bem clara: “Cada um por si e Deus contra todos”. Cada um escolhe um lugar que ache melhor para chegar (porque, como disse o poeta, “nesta vida a única certeza é a morte”) e todos seguem para a sua direção, cada um para um lado.
De fato, ele perdera a inocência, a vida para ele era cinza, sem mágica, sem elfos, sem Deuses, sem, sem, sem... Sem graça talvez, mas nem por isso menor do que a vida pode ser, ela só não era incrível. E eu lhes pergunto: faz alguma diferença? O mundo acabará amanhã por causa disso? Você deixará de pagar impostos por isso? O sol deixará de nascer amanhã? A lua e os astros interromperão os seus cursos? Não. Nada irá mudar. Nada. O que fazia lembrar a ele uma das grandes sacadas de ler Sandman em português. Nada, a única pessoa a quem o Sonho ama. E eu, assim como você leitor ocasional de Neil Gaiman, sabemos que esta sacada é uma mera coincidência, nada intencional, porque Nada não é um nome em português e nem um nome traduzido, mas sim uma daquelas felizes coincidências. A vida não é fantástica. Não se engane leitor, isto não é uma pergunta ou uma ironia, é uma afirmação, uma locução tão direta quanto a vinha do diabo.
E talvez aqui comecem as coisas “boas” sobre tudo o que ele aprendera. Lembrava-se olhando o crepúsculo o quão fantásticas podem ser as palavras que uns poucos homens conseguem colocar nas páginas de um livro. Sabia que fantásticos são os dias que gostaríamos de ter, fantásticos são os sonhos. O doce mundo dos sonhos. Ele aprendera a ser mais responsável e todas aquelas coisas chatas dos adultos, e assim, pela primeira vez se considerava: adulto. Logo seria um velho e depois uma lembrança, para só então se tornar esquecimento e neste curto percurso talvez alimentar a essa máquina que cria sonhos para as crianças. Pensava como é fabuloso que existam pessoas que ainda consigam acreditar e fantasiar, porque ele não mais conseguia. Havia se tornado seco, e ironicamente poderiam dizer ser isso obra de algum ser encantado que se alimenta do riso das pessoas, mas se é realmente ninguém sabe. Recordava o dia em que uma bela moça havia lhe dito que suas palavras eram amargas e desgostosas. Verdade. Mas apesar de não se orgulhar disso, também não deixava que isso o diminuísse. Existem pessoas que nascem prontas para voar, esse não era o seu caso. Ele, quando muito com alguma heresia, poderia afirmar que era um dos que nasceram cochos.
sexta-feira, fevereiro 04, 2005
Quase Carnaval
quarta-feira, fevereiro 02, 2005
Dias como estes
Ah... seria tão bom se o nosso bem dependesse única e exclusivamente de nós mesmos! O dia passa e damos o nosso melhor, mas nem sempre é o bastante, nem tudo depende de nós. Um dia a bateria tem que acabar, o elo tem que partir e os relógios atrasarem. Tem dias que o outro funcionário vai faltar, você vai ficar doente, seu bicho de estimação vai morrer. Paciência. Nem tudo depende de nós. Nem sempre as coisas têm que funcionar, nem sempre aquela garota incrível vai gostar de você, nem sempre o seu amigo vai querer, nem sempre o funcionário da repartição pública vai estar de bom humor. Acontece. Nem todos os dias são para ser coloridos, alegres e felizes e mesmo que você não saia da cama vai rolar uma dor nas costas, uma insônia. Às vezes o mundo lá fora tem que dar errado, talvez para nos ensinar humildade. No fim, o melhor que você pode fazer você fez e o que fazer mais? Talvez tomar um banho quente no final do dia, esquentar água para fazer um chá ou tomar um cálice daquele vinho especial que é só para você, respirar bem fundo... Porque os dias passam, mesmo quando eles se repetem bastante.
*Observações sobre o último texto.
sexta-feira, janeiro 21, 2005
Uma nova tentativa de vencer o nó na garganta
Não estou bem, de fato, nunca estive, nasci assim, uma daquelas pessoas inconformadas com o mundo. Em uma conversa com um bom professor a minha guarda foi aberta por apenas três perguntas que me mostraram o quanto somos parecidos. Fiquei feliz e triste por isso, feliz por saber que eu não sou o único a tentar atravessar a correnteza a nado, ele tem feito em um certo aspecto, e isso foi o que me deixou triste. Mostrei a ele o inconformado que sou e ele me perguntou se eu achava isso ruim. Eu respondi que não, existe algo muito bom em ser inconformado, a constante busca pelo aperfeiçoamento. Mas também há algo muito complicado a respeito, esta é uma busca sem fim e as pessoas se cansam disso.
Na verdade tudo se trata sobre isso, pessoas. Quando eu canso, fico meio deprimido, mas continuo seguindo por essa estrada, eu sou assim e para mim não existe outra escolha, outra forma de ser. Porém as pessoas cansam, as outras pessoas. É difícil para as pessoas lidarem umas com as outras quando alguns de seus limites vão muito além dos limites alheios. Talvez seja essa uma das coisas que eu tanto gosto em Batman e talvez seja isso o que eu tenha amado ao assistir Alexandre.
Eu tenho um bom amigo muito semelhante a mim, dentre as nossas poucas diferenças figuram apenas que ele é muito mais inteligente do que eu e que ele já chegou bem mais perto da sua “massa crítica”. Além disso, a nossa maior diferença está na forma como encaramos esta questão, na forma como escolhemos viver (e também meu professor). A maior questão sobre essa natureza é o isolamento. Uma hora você vê que as pessoas não estarão ali para sempre, que elas talvez não cheguem ao próximo verão. Você vê que as pessoas com que você conta um dia, no outro vão embora, passam a te odiar, mudam completamente. E a culpa é de quem? Sua por ter uma personalidade forte e limites muito amplos? Das pessoas por serem limitadas e não saberem simplesmente dizer não? Dos dois talvez. Mas uma hora você se dá conta o quanto as pessoas são voláteis e o quanto elas podem ser insípidas. E então você tem que escolher entre ignorar as suas asas ou esquecer as pessoas. Não dá para levar as duas coisas juntas, uma hora alguém sempre se machuca. Então o que você faz? Passa a viver só mesmo sabendo que uma hora isso acabará com você porque ninguém consegue viver absolutamente sozinho? Porque isso envenena, enlouquece. Ou vai contra você mesmo, adota uma vida medíocre (segundo os seus parâmetros) e ignora a si mesmo?
Não sei o que fazer. É uma “escolha de Sofia” e no final você sabe nem um dos caminhos irá trazer felicidade.
quarta-feira, janeiro 12, 2005
Momentos de histeria!
Patrulha estelar, (originalmente Encouraçado Espacial Yamato - Uchuu Senkan Yamato):
http://www.omelete.com.br/tv/artigos/base_para_artigos.asp?artigo=2409
Pirata do Espaço
http://www.omelete.com.br/tv/artigos/base_para_news.asp?artigo=1559
Outras conclusões:
Sabe, pensando em Deus como o grande roteirista universal, não deixo de achar tudo isso um recurso melodramático. Muito simples, depois de perder um ano de faculdade corri atrás do tempo perdido no ano passado, mas as circunstâncias não foram propícias, faltou tempo para estudar (e ainda falta). Consegui resolver grande parte dos problemas em relação a minha habilitação em língua portuguesa, mas não posso dizer o mesmo da minha segunda habilitação, língua japonesa. Estou em vias de fazer a prova de recuperação de Língua Japonesa 2 com poucas expectativas de sucesso e conseqüentemente estou preste a trancar a minha segunda habilitação. Muito triste, mas praticamente inevitável. Mesmo que eu passe para o próximo semestre, não terei condições de acompanhar o curso e não dá para admitir que isso atrapalhe a minha outra habilitação. Como pretendo investir na carreira acadêmica em literatura brasileira, o japonês ficou meio supérfluo. É claro que estou aborrecido com isso, gosto de desafios e esse foi um que não consegui levar. Mas não é de todo mal, vou poder concentrar os meus estudos e terminar a faculdade antes, o que não me impede de estudar japonês por conta. Tenho pelo menos dois anos de faculdade ainda pela frente já que estou um ano atrasado e, mais certo do que isso, sei que esta com certeza não será a minha única faculdade.
terça-feira, janeiro 11, 2005
Kill Bill - Volume 1
O quarto filme de Quentin Tarantino chega arrasando como um dos marcos do cinema contemporâneo. Kill Bill presta uma grande homenagem aos filmes de Kung-fu das décadas de 60 e 70, seus atores e estilos. Dirigido com exímia presteza, a obra foi delicadamente produzida o que dá ao expectador um deleite frente às diversas mudanças de sensibilidade do filme, cenas em preto e branco, seqüências, sombras, ângulos de câmera e intertextualidade com outras mídias como o trecho do filme feito em anime e a sensacional trilha sonora que se tornou um dos deliciosos hábitos viciantes dos filmes de Tarantino. O primeiro volume do filme narra o início da vingança da ex-assassina Black Mamba (cujo nome real só nos é revelado ao final do segundo filme). Ao acordar do coma, Black Mamba percebe que foi a única sobrevivente do extermínio ocorrido no dia de seu casamento e que levara as vidas de todos a quem amava, inclusive do filho que levava no ventre. Ela começa então uma caçada impiedosa aos assassinos, seus ex-companheiros do esquadrão de assassinato Deadly Viper. Mas Kill Bill não é apenas um filme sobre sangue e assassinato, ao final do primeiro volume ficamos desesperados para assistir sua continuação e obter a resposta para sua maior pergunta: Até onde somos capazes de ir quando o amor se transforma em raiva?