sexta-feira, novembro 04, 2005

Liberta meu pensamento

Para variar um pouco o nada, esta semana eu tenho a impressão de ter acordado de um torpor de anos, não sei o que me deu e nem se já acabou ou se está por aí ainda. Pode ser apenas uma daquelas piscadas que damos durante a noite enquanto dormimos e das quais muito provavelmente ao acordar não nos recordemos. Mas está aqui agora, um lapso de consciência. Um lapso talvez muito produtivo até (assim espero)... Para variar surgiu do nada, mas acho que não foi bem do nada, foi do vazio, daquela dissonância em mim mesmo que eu odeio, aquela que faz eu me sentir transparente, fútil, inútil. Não sei, acho que ontem por algum instante lendo, ainda que apressadamente, uma HQ que nem valia à pena, perdido na tarde enrolado em um edredom sobre o sofá da sala de alguém de quem gosto muito e que agora sinto remorso de ter atrapalhado, ontem, consegui encontrar um pouco da paz que me foi há muito roubada. Não por nada, apenas porque foi um momento de privacidade da minha alma, um momento aonde me senti inócuo, um momento que pôde me mostrar a ausência e determinar a diferença entre a ânsia de ter que fazer tudo e a meditação inconsciente. É isso, um texto provavelmente confuso e mais do que provavelmente vazio de significado para a maioria das pessoas, perdido entre toneladas de terabites de páginas e arquivos, mas que para mim, ao menos agora, parece significar muito. Como já dizia aquele sábio pintor, a arte não está em saber aonde colocar a tinta na tela, mas em saber aonde não colocá-la. Agora torçamos para que este lapso de consciência, que é na verdade um lapso de inconsciência, porque rompeu a não-existência que a minha mente anda cruzando, possa rasgar o véu diáfano da não-existência que enveredou sobre o meu ser ultimamente fazendo de mim apenas uma casca.

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