segunda-feira, maio 28, 2007

Acorda...

Acorda. É mais uma manhã fria. Os homens cansados levantam para tomar um pingado e vão caminhar para o trabalho. Os ônibus passam lotados e as pessoas se escoram em outras pessoas, todas sonolentas, todas cobertas de pó. O céu escuro resiste e demora a clarear.

Acorda. Está frio pacas. Mal o chá alcança a xícara e já está morno, quase frio. O final de semana passou e você nem o viu. E mesmo que visse ao longo da semana nem teria a quem contar. Pessoas saem do metrô abafado para a rua gelada carregando grandes nuvens de vapor arduamente espiradas.

Acorda. A viagem é cansativa. As gentes se acotovelam tal qual bois indo ao matadouro e no fundo, no fundo, não sei qual é a pressa. É gente para todo lado, se acotovelando mesmo ao trabalho, dia à dentro, semanas a fio, meses, anos. Espremidas em escrivaninhas justas, confinadas a espaços escuros, salas secas de ar-condicionado e outras tantas alcovas tenebrosas da ganância intensiva.

Acorda. Vede a mancha marrom no horizonte e o frio sol de outono antes que descubram a persiana aberta. Vede a vida passando lá fora enquanto secam aqui dentro você e a pobre pimenteira. A vagar, liga anestesiado o monitor, coloca uma música sóbria e sonha com dias melhores.

quarta-feira, maio 16, 2007

Tíquetes, Por Favor.

Às vezes eu me assusto quando vejo como sou difícil. Não que isso seja novidade. Acontece que de repente eu vejo um monte de pessoas novas entrando pela porta da minha vida, e eu deixo porque não há mal nisso, mas por mais que eu esconda sei que não queria que algumas delas estivessem lá. É quase como se eu me sentisse um penetra na minha própria vida. Não quero esse monte de gente entrando assim sem mais nem menos, realmente não quero.

Aí vem a pergunta: Porque não quero? E eu fico com cara de tacho, não sei responder. Porque não. Não quero me justificar, não quero ter que dizer mais nada, não quero. Eu não posso escolher ser restrito assim? Eu sou assim, eu gosto, não vejo mal nenhum nisso. Só que quando tenho que dizer não para as pessoas eu acabo me sentindo péssimo com isso, como se eu estivesse fazendo algo muito mal, muito errado.

E não é que eu quero ficar só o tempo todo. Eu quero as minhas antigas amizades, quero novas amizades também, mas quero antes de tudo quero me sentir confortável nesse mundinho estranho que se tornou a minha vida.

Desculpa aí, não é por nada não, é só que eu não tenho vocação para Poliana, não quero sair adotando todo mundo e estou morrendo de saudades de uns amigos desnaturados por aí...