sexta-feira, julho 30, 2004

A expiação na escrita.

Creio que uma das melhores coisas em escrever é o aspecto terapêutico. A escrita obriga-nos a organizar os pensamentos exercendo uma lógica um tanto distante da emoção. Mas esta distância é um tanto relativa, uma vez que nunca escrevemos um texto absolutamente despidos de nossas emoções. A própria escolha de verbetes nos leva a um caminhar emocional por entre linhas e páginas, os sentimentos, parte de nossa condição humana não podem ser deixados de lado, constituindo um exercício muito saudável agindo como válvula de descompressão e trazendo cor ao habito de escrever. Motivos existem diversos: Coisas que não conseguimos falar a uma pessoa, mas apenas para o mundo. Monólogos que desejamos que todos ouçam. Idéias mal formadas e formuladas. Pensamentos escorregadios que surgem repentinamente uns sobre os outros. A mente humana é um labirinto de cores, formas, cheiros e sensações onde os pensamentos correm livres atravessando paredes que nós mesmos não podemos. Eu poderia discorrer muito tempo sobre isso tudo, mas quero me deter sobre um determinado aspecto desta questão, na verdade, uma conseqüência.
Não me recordo corretamente da frase ou do seu dono, mas alguém ilustre já disse algo célebre sobre os textos que nascem “abortados”. Lembro-me apenas da situação onde a ouvi: Estávamos eu e a Dríade em uma feira do livro lá em Alexandria quando em um momento de descontração ela leu para mim um poema a esse respeito, talvez fosse da Florbela Espanca ou do Mario Quitana, talvez ela se recorde melhor do que eu. Olho para meus arquivos na tela do computador e me surpreendo com os inúmeros de textos não terminados ou censurados por mim mesmo. Eles residem ocultos entre sinopses e resenhas em uma semi-existência agonizante. Alguns deles tentam apenas expressar minhas revoltas, outros tentam constatar fatos. Muitos tornaram-se dantescos monstros torturados, saindo de trás de filmes não assistidos (no cinema ou em casa, não importa), de almoços tediosos e conversas ridículas e excludentes, ou sobre uma observação quanto ao crescente número de fumantes do sexo feminino. Estes textos impublicáveis nunca chegam à vida realmente, alguns poucos se quer chegam ao papel. E embora me façam sentir melhor muitas vezes, não deixo de pensar sobre o fato de cada texto desses representar uma necessidade de contato. Sobre quantos deles deveriam tornar-se diálogos ao invés de monólogos, sobre a proliferação destes textos.
 Ps.: Seja bem vinda Doroty da Wyrm, poucos Shadow Lords se atrevem a peregrinar por estes reinos. Quanto a seu pedido, saiba que já estou deliberando a respeito e logo conhecerá a resposta.

quarta-feira, julho 28, 2004

Frase Red Dragon do dia

“A merda no capitalismo é o quanto você se propõe a pagar por um pacote murcho de Bono de chocolate em uma manhã fria de inverno, apenas porquê não tomou café...” - Frase Red Dragon do dia

terça-feira, julho 27, 2004

Desesperadamente sozinho

Ando pela rua e observo as pessoas passando. Observo as pombas, os pardais, os cães...
Entro no metrô para me espremer entre estranhos e, em meio deles, ser apenas mais um desconhecido. Os vagões vão sempre cheios, mas continuo sempre sozinho, sonhando com um momento onde todos os trens estarão vazios para que eu esteja realmente só, para que não deseje bater em alguém porque foi estúpido comigo ou com outra pessoa. Chego em casa, as luzes meio acesas e meio apagadas. O pior tipo de solidão é aquele que começa no fundo da garganta, quando parece faltar ar para completar as sentenças, quando os números na agenda são apenas números e você não os disca por sentir-se incapaz de dizer algo que valha a pena; ou por medo de encontrar com o silêncio constrangedor ou por medo de se perder enquanto fala. Medo da rejeição. Outro tipo de solidão vem dos olhos de estranhos. Alguém para do seu lado e no encontro dos olhares faísca uma pequena chama, chama esta que ilumina por instantes a escuridão dentro do ser. Em um mísero segundo, uma mísera esperança... De preencher todos os vãos, de aquecer o frio, de fechar a porta ao vento que varre a alma carregando folhas secas que arranham. Medo, medo, medo... Ando cansado de mim mesmo.

segunda-feira, julho 26, 2004

Score para a balada de sexta

Agradeço a todos que compareceram na sexta no Lone Star, e devo dizer que foi a melhor festa de aniversário que já tive. Muita gente que eu imaginei que iria acabou não aparecendo, mas os meus melhores amigos estavam lá em peso, responsáveis por quase metade dos clientes da noite. Cheguei em casa só as 7:00am, feliz da vida. A banda tocou pelo menos umas duas horas a mais só para a nossa mesa, e parou apenas quando o guitarrista não conseguiu mais convencer o baixista a tocar (acho que ele era casado ou algo do gênero). A balada, como era de se esperar, terminou com um epílogo divertido (e um tanto conturbado) na Floresta da Vó.
Frases da noite:
“_Acho que eu vou pedir o e-mail do carinha da banda...
_Já sabe, chega lá e fala: “E aí? Tamo’ nessas carnes...”” – Fada e Ogro
“Do you want a stalker? Ask me how.” – Ogro, sobre mais um dos poderes mutantes da Fada
“_ Não tem outro banheiro?
_Tem a árvore...” Fada e Mr. X

Score
Namor - adquiriu uma estranha cor amarela
Ogro – best shot on the run
Elfo – maior número de frags
Fada – a mais desejada da noite
Mr. X – desaprendeu a atirar
Doroty – passou para o lado negro da força

E estas foram só algumas...

quinta-feira, julho 22, 2004

Da elasticidade temporal (ou completo tédio)

Acho fabulosamente incrível a capacidade elástica do tempo. Creio não haver qualquer outra matéria que possa se equiparar com sua elasticidade. O tempo tem uma relação estranhamente arbitraria com o nosso temperamento. Basta apenas estar bem para que ele passe mais rápido, porém, uma única gota de tédio é capaz de fazê-lo se arrastar pela eternidade.  Mas, sobre tudo, a pior sensação de todas é a de tempo perdido, como quando você é obrigado a fazer uma coisa no lugar de outra, ou quando você passa um dia inteiro à espera de algo ou alguém. A sensação de tempo perdido tem a capacidade mística de reunir a frustração ao tédio, indo rapidamente ao encontro de algum momento assustadoramente entediante para coroar seu reinado de absoluto terror e desespero em nossa mente. É como se qualquer momento repentinamente se tornasse 6:00 am de Segunda-feira, em uma semana sem sábados nem domingos. É quase o eterno despertar.

quarta-feira, julho 21, 2004

Agradecimentos

Queria agradecer a todos aqueles que de uma forma ou de outra entraram em contato comigo ontem, seja por e-mail, telefone, orkut ou pessoalmente e que tornaram o meu dia especial. Agora, para comemorar o final do meu inferno astral, só falta a balada na sexta feira no Lone Star...Ps.: Desculpem o post breve, mas alguns dos efeitos colaterais do meu inferno astral ainda estão em vigor (o branco e o excesso de trabalho).

quinta-feira, julho 15, 2004

O tráfico de karma no Orkut.

Agora vem a parte pesada da coisa, serei breve e já estou ciente de que haverá retaliação. Possivelmente meu corpo possa ser encontrado em algum lugar obscuro nas próximas horas.

O tráfico de karma no Orkut.
É verdade! Senhoras e senhores é a mais pura verdade! Membros respeitosos da comunidade Orkutiana iniciaram uma série de ameaças a outros membros desta com intenções que claramente ferem a constituição de nossa República! Sim, devo dizer que me prostrei chocado ao ouvira um membro da supracitada comunidade proferir uma ameaça a minha integridade física e psicológica ao descobrir os karmas que eu escolhi para determinados membros. Não obstante assisti a cena se repetir algumas vezes não apenas comigo, mas com outras pessoas. Registro indignado a minha denúncia! E peço aos senhores leitores que se unam a mim na defesa do direito de expressão, da liberdade de imprensa e da personalidade e opiniões próprias! Diga não a chaverização das pessoas! E tenho dito!

O Iluminatti mineiro...

Denúncia
Resolvi comentar duas coisas que perigosas hoje. Não sei, acho que acordei meio fleumático e isso me empolgou a falar. Sigamos então por ordem de periculosidade (e em posts distintos devido a essa caca de servidor de comentários que eu ainda não troquei!).

O Iluminatti mineiro...
Não sei se vocês já notaram a existência do Iluminatti mineiro, parei para pensar à respeito à quinze dias. Na ocasião, estava eu sonolento esperando o ônibus da empresa na porta do metrô quando ouço um papo mais ou menos assim:
_Você já comeu pão de queijo dele?
_Não, só esfiha
_Como você teve coragem?
_Ah! Não pega nada.
_Nunca te fez mal?
_Não.
_Puxa, corajoso...
_Bom, teve uma vez que eu fiquei intestinalmente debilitado, mas acho que nem foi por isso.
_Sei, sei... (contendo o riso)
Foi então que eu notei que a conversa se tratava sobre um daqueles caras que ficam logo cedo na porta do metrô vendendo café, mais precisamente os que só vendem café e pão de queijo.
_Eles devem ter um patrão em comum.
_Por que?
_Todos eles trazem os pães de queijo em Tupperware transparentes e idênticas, e os pães têm exatamente a mesma aparência.
_Podes crer! E tem em todo o lugar, na porta de cada metrô, os caras vendem e vão embora todos os dias quando acaba, geralmente de bicicleta.
Embora eu deva confessar que a conversa foi escrita com seu vocabulário levemente enriquecido, foi isso realmente. Nos dias seguintes iniciei uma observação mais atenta que até agora, só tem me confirmado o fato. Portanto, não estranhem se eu de repente desaparecer. Interessados no fato, os Red Dragons pretendem realizar uma reunião para investigar o possível tráfico de outros produtos mineiros legítimos, como Salineira e queijo meia cura, por esse Iluminatti em breve.

terça-feira, julho 13, 2004

Primeiros Erros – Kiko Zambianchi

Primeiros Erros – Kiko Zambianchi

Meu caminho é cada manhã,
Não procure saber onde estou,
Meu destino não é de ninguém
E eu não deixo meus passos no chão.
Se você não entende, não vê,
Se não me vê,não entende,
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende.
Se o meu corpo virasse sol,
Minha mente virasse sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros,
Meu corpo viraria sol,
Minha mente viraria sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros,
Meu corpo viraria sol,
Minha mente viraria sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.

Meu corpo viraria sol,
Minha mente viraria sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.
Meu corpo viraria sol,
Minha mente viraria sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.

segunda-feira, julho 12, 2004

Montanha Russa

A excitação começa e você entra na fila. A fila é grande, cheia de pessoas de todos os tipos. Logo você vai se aproximando do brinquedo e, como uma formiga, fica sob sua sombra que se estende em direção ao infinito. As possibilidades são enormes, o medo toma conta. Você pensa em voltar, mas está no meio da fila e apesar das batidas fortes dentro do peito e do medo de cair de novo, você pensa: que mal há? Então sobe abordo do carrinho e se deixa levar. O carrinho dá um tranco e sobe lentamente engatado por uma corrente, os primeiros momentos são sempre carregados de tensão. O carrinho chega ao topo ao mesmo tempo em que o ar do seu pulmão acaba, e o temor dança friamente em seu estomago em um momento que parece durar para sempre, exatamente por ser um instante tão pequeno, exatamente por acabar tão depressa. Então, ao se dar conta, você já está descendo vertiginosamente e no segundo em que o carro termina a primeira curva você quer mais, você quer que aquele momento não termine e ele acaba por passar mais e mais rápido. Quando o carrinho estaciona no final da plataforma você quer subir de novo, extasiado, mas contempla a grande fila oculta na sombra e que como você, não quer que a alegria acabe.
Este feriado foi incrível, um dos melhores e mais divertidos dos últimos tempos. Aliás, devo agradecer a Fada que vem me apresentando pessoas incríveis, fabulosamente inteligentes, boas e extremamente virtuosas! Fada, como você conseguiu passar tanto tempo longe dos seus amigos? Eles são pessoas excepcionais, únicas!
Uma das melhores coisas foi a naturalidade com que se sucederam os acontecimentos, quando vi estava fazendo coisas que eu planejei há anos sem nunca concretizar, coisas que sempre desejei, que sempre fizeram parte de mim. Um das coisas mais tristes que podem acontecer a alguém é se anular diante de outras pessoas. Às vezes isso acontece sem que nos demos conta. Eu reencontrei coisas e conheci pessoas que agora fazem parte da minha alma. Claro que as pessoas diferentes também fazem parte e isso dá certo gosto ao mundo, o ser humano necessita do contraste. Neste final de semana eu me peguei fazendo um pouco de tudo aquilo que mais gosto e de forma natural, sem ter que lutar com ninguém para conseguir isso. Foi tudo crescendo e ficando cada vez melhor, mais divertido. No final eu me senti como a criança que sobe a montanha russa e, quando o carro chega no final, quer ir novamente. (Mas até o final de semana que vem vou ter que enfrentar a fila!).

quinta-feira, julho 08, 2004

Em branco e desespero!

Passa uma semana inteirinha e eu não consegui postar nada!
Estou desapontado comigo mesmo, tive uma série de idéias do tipo zapping e mais nada. E para ajudar, estou novamente com problemas no sistema de comentários! Bill, o seu sistema de comentários é bom? Acho que vou colocá-lo... O sistema não fornecer grandes novidades não é um problema, agora, limitar o numero de comentários é muita sacanagem. Espero que no final de semana o branco vá embora e meus comentários possam fluir livremente. Afinal "The comments must flow"...

sexta-feira, julho 02, 2004

Quando tudo o mais der errado...

Já que não consegui produzir um texto legal sobre o meu inferno astral (a tentativa frustrada deu no texto “O cheiro do enxofre” que teria uma segunda parte mais cômica), resolvi aproveitar meu inferno astral para contar uma velha história.

Não consigo me lembrar quando ou onde a idéia surgira, lembro-me apenas que ela me ocorreu pela primeira vez enquanto eu assistia a um filme, provavelmente em companhia do Velho Bukowsky. Aliás, diga-se de passagem, costumo ter grandes insights quando assisto alguma coisa com o Buck, é uma pena que com o passar dos anos estes programas tenham se tornado bastante escassos, para não dizer raros, já que a última vez que assistimos a um filme juntos foi começo do ano passado. Não me lembro há que filme assistíamos naquela ocasião, lembro apenas que era sobre assassinos, um dos nossos temas preferidos, e que o mesmo havia sido produzido ou dirigido pelo Tarantino. O fato é que o Tarantino sempre dá um jeitinho de aparecer em alguma cena de seus filmes e nesse não havia sido diferente. O filme já estava no final, os protagonistas haviam fugido para o México e então, de repente, ao entrarem no bar do hotel... Lá estava o Tarantino, apenas para contar uma piada tosca e ser assassinado, tudo em menos de 2 minutos.
Eu queria de ter a habilidade do Sr. Graciliano Ramos para descrever como uma idéia surge na cabeça de uma pessoa. Foi tudo em um instante, como em um show de mágica, você olha a cartola e não há nada dentro, você olha de novo e... Voilá, eis um belo coelho branco. E o meu coelho branco era bem grande, com paredes caiadas que contrastavam com o avermelhado da terra entre canyons e um sol raiante. Um puteiro no México.
Não me perguntem o porquê deste estranho desejo. Existem pessoas que desejam ser jogador de futebol, existem pessoas que desejam assistir novelas, existem pessoas que vão ao baile funk, que assistem briga de galo, que fazem a farra do boi, que comem quiabo, tem até quem ame a Sabrina e que, principalmente, fazem de uma bobagem qualquer a motivação de suas vidas. Porque então seria absurdo pensar em um puteiro mexicano? Fico imaginando ele lá, no meio do deserto sob aquele sol todo, ao lado de um pequeno alambique e uma plantação de mezcal (um tipo de agave da qual se destila tequila)... Sim, que espécie de puteiro mexicano seria o meu se não tivesse sua própria tequila entre dúzias de outras. Também haveria de ter uma dançarina estupenda dançando com uma cobra Albina (e eu ainda nem assisti “From Dusk till Dawn”). E para completar, uma piscina e algumas mesinhas com guarda-sol para beber com os amigos, caso algum tenha coragem de me visitar um dia. Os devaneios posteriores incluíram também uma Jacuzzi ao lado da piscina e um quarto para o meu amigo Pinóquio, que um dia vai se cansar da política e acabará se decidindo por me fazer uma visita permanente. Agora, perplexos, vocês podem me perguntar: Mas que tipo de pessoa tem por objetivo de vida um puteiro na puta-que-o-pariu do México? E eu lhes respondo: Eu nunca disse que esse era o meu objetivo de vida... Se vocês têm alguma dúvida sobre isso, basta reler o título.