quarta-feira, abril 12, 2006

Idéias Vadias

Pareço um louco no meu trabalho, ou ao menos assim deve achar o povo que trabalha comigo. Apesar de ser redator, como o meu trabalho é focado em textos realmente pequenos (+/- 140 caracteres), eles devem estranhar o tanto que eu escrevo. Sei que parece inconsistente o que eu vou dizer, porque tenho atualizado muito pouco a este blog (aguardem surpresas), mas eu realmente escrevo muito e o tempo todo. Aliás, feito um louco.

Eu sou daqueles que tecla com vontade, não fico martelando o teclado, mas digito com gosto, como se eu estivesse matando a fome, e, de certo modo, estou mesmo. Sou uma pessoa de reações fortes... Eu também me empolgo quando ouço música, outro hábito que cultivo na empresa.

Ouvir música para mim é algo tão intenso, tão intimo que por vezes exige que eu me controle para não deixar me envolver demais. Às vezes vejo as pessoas ouvindo música e fico me perguntando se elas sentem como eu sinto sobre a música. Se elas sentem a música envolver, se sentem aquele gosto forte na boca e a eletricidade percorre o corpo, como com quem estamos intima, elétrica e gravitacionalmente ligados.

Não sei se vocês já sentiram isso (se não sentiram, tenham os meus mais sinceros e profundos lamentos), quando ao se aproximar da garota de lábios carmim (ou do cara de cabelos curtinhos) os olhos de ambos se caçam em uma dança desesperada, incansável, frenética. Olhos nos olhos o circuito se fecha. Faz notar-se a gravidade que sempre esteve ali, segurando com força e impossível de ignorar. Arrastando e aproximando devagar, sem parar, mais e mais. Você orbita e o cheiro dela invade... Tateia cada poro e envolve com intimidade. Assusta, provoca e faz os pelos da nuca ouriçar... Calafrios. O mundo escapa ao seu redor... Vertigem... Surge a eletricidade. O ar rarefaz e seca. Fagulhas estalam violentas. Você ofega... e é difícil resistir...
É assim que eu ouço música: devorando e sendo devorado, a música me invade a alma e a minha alma invade a música. Naquele momento perfeito somos um só.

Um dia desses algum político ainda há de proibir a intimidade com a aprovação das massas... Dirá: “A partir de hoje está banida a intimidade desta digníssima república, toques, escritos, musicas, falas, pensamentos e tudo o mais”. Militantes já abundam, remoendo seus pequenos rancores rançosos e alistando outros a cada dia. Sei lá, já nem me lembro do que eu falava ou onde queria chegar... é tarde, melhor desligar o som, deixar de lado meus devaneios e voltar para casa.

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