terça-feira, maio 30, 2006

Falta 5 para a prova! Falta 5 para a prova!

Nem sabia se era mesmo verdade, mas se ocupava em pensar que sim.
Falta 5 para a prova! Esperava inquieto, ruminando o tempo, tenso, porém calmo. Era aquela calma e tensão, velhas conhecidas, que precedem as fortes emoções. Sob o tiquetaquear do relógio, pensava que não passar naquela prova logo de primeira seria o mesmo que atestar sua inaptidão para a coisa. E pensava: “Que besteira, precisar de um papel para provar aptidão em uma coisa qualquer, como se papel provasse qualquer coisa”. Pensava, pensava, pensava... Milhares de coisas e pensamentos tortos lhe passavam pela cabeça, porque isso é só o que se pensa nessas horas. Tortuosidades, coisas que, se não são as únicas, são umas das poucas que nos ocupam.
5 minutos se passaram e mais 5 depois, carregando de 5 em 5 o ponteiro, mas em momento algum faltara 5 minutos ou menos para a dita cuja. Ele sabia disso perfeitamente, mas não queria acreditar, não havia sequer olhado para o relógio desde que adentrara a sala. Profilaxia mental, evitava pensar mais merda. Pelo menos achava que era disso que se tratava... Daquela avalanche de sensações vazias decorrentes de um dia-a-dia de cão, onde tudo possuía aquele brilho vítreo, aquela consistência de sonho e ausência de perspectiva. Um dia, talvez, ele acordaria e veria que tudo até ali não passava de um interlúdio para outra coisa. Talvez não.
Corremos tanto, o dia todo, todos os dias, atrás de tudo e de todos... No fim, não somos mais do que cães correndo atrás do próprio rabo. Uma verdadeira lástima, se é que existem outras coisas além de lástimas na vida de quem corre atrás do nada. Somos deprimentemente vazios. Até nisso.

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