segunda-feira, dezembro 13, 2004

Não Leia.

Às vezes quando estou só algumas idéias vem me visitar em asas de mariposas e se queimam na lâmpada inúmeras vezes até caírem mortas no chão. Outras vivem escavando o solo e devorando a terra fazendo cócegas na minha mente. Algumas vêm e outras vão depois de um tempo. Às vezes estas idéias ficam, esperando maturação, às vezes elas morrem sem terem conhecido a luz do dia. Outras surgem devorando a estas idéias como surgem os vermes que devoram cadáveres. Hoje apenas não há como falar. É falar sobre o nada, tentar relacionar ecos, ametistas, vinagre e vestidos vermelhos, como relacionar olhares, madeira e desespero. É imiscuir água em óleo, derreter areia com gelo. Às vezes não há como falar. Aqui sou senhor do absoluto, monarca supremo do meu reino. Aqui minha palavra é a ordem e estabelece a história, mas hoje, hoje não há histórias para serem contadas. No princípio era o verbo, e depois, o silêncio. Como poderia deixar-me seduzir pelo silêncio e fazê-lo abater-se sobre todas as coisas? Delírios apoteóticos de uma mente lúgubre, insana e insalubre. O dia de hoje simplesmente não aconteceu. E no sétimo dia? Ele não descansou? Não. Estava farto por demais, enrolou, chorou, padeceu, riu e visitou a loucura.
Blasfêmia, eu disse: "Não leia." e a propósito, não quer ler, não venha.

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