sexta-feira, janeiro 21, 2005

Uma nova tentativa de vencer o nó na garganta

Já faz algum tempo que a minha produção de textos diminuiu e ela tem minguado cada vez mais. Tenho muitas coisas para dizer, mas todas elas parecem não vencer o nó na minha garganta e vir a conhecer a luz do dia.
Não estou bem, de fato, nunca estive, nasci assim, uma daquelas pessoas inconformadas com o mundo. Em uma conversa com um bom professor a minha guarda foi aberta por apenas três perguntas que me mostraram o quanto somos parecidos. Fiquei feliz e triste por isso, feliz por saber que eu não sou o único a tentar atravessar a correnteza a nado, ele tem feito em um certo aspecto, e isso foi o que me deixou triste. Mostrei a ele o inconformado que sou e ele me perguntou se eu achava isso ruim. Eu respondi que não, existe algo muito bom em ser inconformado, a constante busca pelo aperfeiçoamento. Mas também há algo muito complicado a respeito, esta é uma busca sem fim e as pessoas se cansam disso.
Na verdade tudo se trata sobre isso, pessoas. Quando eu canso, fico meio deprimido, mas continuo seguindo por essa estrada, eu sou assim e para mim não existe outra escolha, outra forma de ser. Porém as pessoas cansam, as outras pessoas. É difícil para as pessoas lidarem umas com as outras quando alguns de seus limites vão muito além dos limites alheios. Talvez seja essa uma das coisas que eu tanto gosto em Batman e talvez seja isso o que eu tenha amado ao assistir Alexandre.
Eu tenho um bom amigo muito semelhante a mim, dentre as nossas poucas diferenças figuram apenas que ele é muito mais inteligente do que eu e que ele já chegou bem mais perto da sua “massa crítica”. Além disso, a nossa maior diferença está na forma como encaramos esta questão, na forma como escolhemos viver (e também meu professor). A maior questão sobre essa natureza é o isolamento. Uma hora você vê que as pessoas não estarão ali para sempre, que elas talvez não cheguem ao próximo verão. Você vê que as pessoas com que você conta um dia, no outro vão embora, passam a te odiar, mudam completamente. E a culpa é de quem? Sua por ter uma personalidade forte e limites muito amplos? Das pessoas por serem limitadas e não saberem simplesmente dizer não? Dos dois talvez. Mas uma hora você se dá conta o quanto as pessoas são voláteis e o quanto elas podem ser insípidas. E então você tem que escolher entre ignorar as suas asas ou esquecer as pessoas. Não dá para levar as duas coisas juntas, uma hora alguém sempre se machuca. Então o que você faz? Passa a viver só mesmo sabendo que uma hora isso acabará com você porque ninguém consegue viver absolutamente sozinho? Porque isso envenena, enlouquece. Ou vai contra você mesmo, adota uma vida medíocre (segundo os seus parâmetros) e ignora a si mesmo?
Não sei o que fazer. É uma “escolha de Sofia” e no final você sabe nem um dos caminhos irá trazer felicidade.

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