quarta-feira, julho 27, 2005

He Wishes For The Cloths Of Heaven

He Wishes For The Cloths Of Heaven - William Butler Yeats (1865-1939)


Had I the heavens’ embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet ;
Tread softly because you tread on my dreams.


O poema que eu mais amo no mundo...

segunda-feira, julho 25, 2005

E um novo dia virá...

O casarão legitimamente português quase do começo do século continuava a sua trajetória através do tempo. O sol brilhava, a tinta de suas paredes externas descascava e, gradualmente, perdia a cor. Era um dia bem quente para um inverno paulistano e nenhuma nuvem cobria o céu que era surpreendentemente azul de ponta a ponta. Todas as coisas estavam cobertas por aquele brilho bem claro da luz da manhã. A casa quente estava toda aberta como dos derradeiros dias de verão. Eram 9:00 horas.
Ele havia acabado de acordar. A luz invadia o quarto pelos frisos da janela fechada. Ele esfregava os pés um no outro por debaixo do lençol e com um leve sorriso no rosto pensava em um café bem ao estilo dos comerciais de margarina. Não precisava de paredes e roupas brancas ou da família toda reunida na mesa, só queria um pão na chapa bem quente e cheio de manteiga, sim, manteiga de verdade, nada de gorduras vegetais e aditivos químicos bizarros, apenas as coisas como elas deveriam ser naturalmente, sem complicações adicionais. A vida pura e simples como ela pode ser... Um pulo do beliche, alguns instantes procurando por uma camiseta no armário e um dia novo pela frente. Atravessou um corredor e a sala vazia parando apenas para ligar o rádio e constatar que estava sozinho. O som alto ecoou pela casa e o rock clássico dos anos 80 realçou seu entusiasmo fazendo-o lembrar das antigas fitas K-7 que suas irmãs levavam para viajar quando criança. Por um instante o sol brilhou mais forte e uma brisa iniciou um farfalhar de folhas, o céu reverberou mais azul e o verde das folhas tornou-se infinitamente mais verde. Alguns instantes em frente ao fogão, um copo de leite e estava pronto o seu café alto-astral. Juntou os pães sobre um prato, pegou todos os utensílios de que precisaria e com as mãos cheias atravessou o corredor de volta à sala onde o lilás de uma orquídea sobre a mesa em seu centro invadiu os seus sentidos. Naquele breve instante em que ele se fez confuso, mãos delicadas cobriram-lhe os olhos e o cheiro dela preencheu seus pulmões. Seu coração disparou e a surpresa se fez completa.

segunda-feira, julho 18, 2005

Registro Geral número...

Estou com algumas idéias bem legais para escrever, mas descobri que às vezes inspiração não é o bastante. Não sei, ando me estranhando. Ando triste, preocupado com zilhões de coisas que talvez não sejam nada, mas o que acho estranho é estar curiosamente sereno. Não o tempo todo, mas quando necessário ao menos. É verdade, estou até espantado, de repente é como se não fosse mais eu... Tem horas que você deixa de tentar ser para ser simplesmente ou ser apenas. O segundo é o meu caso. Será que a serenidade vem da falta de expectativas? Será que isso é bom? Será que não? Odeio quando os dias passam a ser apenas uma seqüência de tempo vazia, sem significado.

segunda-feira, julho 11, 2005

Pesadelo

Pare e esvazie sua mente.
Feixe a porta que separa a sua consciência do mundo exterior deixando todos os sons do lado de fora.
Respire devagar e profundamente por três vezes.
E só então leia.

Imagine o terror de acordar de um pesadelo que te assombrou a noite toda. Uma noite azul, escura, quase negra e fria... Absolutamente fria. A respiração ofegante, o suor frio a escorrer salgado sobre a face depositando-se em suas sobrancelhas a ponto de fazê-las pesar mais que o mundo. Um pesadelo que te fizeste correr o céu durante a noite toda, dilacerando teus pés descalços em um chão metálico de pontas de agulhas partidas, molhadas e frias raspando teus ossos. Uma corrida interminável e tão agitada quando o desespero dos últimos grãos de areia de uma ampulheta tentando não cair pelo buraco. Imagine o cansaço queimando os pulmões como se eles estivessem repletos de ácido invadir o teu corpo, aquele mesmo cansaço que surge diante da exaustão, que salga a boca por baixo da língua e que traz à tona a vertigem. Imagine o céu girando em falso sob os teus pés e deixando-te imóvel na estratosfera enquanto chega a aurora. Os primeiros raios de sol despontando no horizonte revelando a silhueta distante daquilo que tu persegues, raios que irão queimar-te antes que o alcance. Raios estes a mostrar que tu passaste a noite toda correndo senão atrás de você mesmo como o cão corre bobo atrás do próprio rabo. Imagine acordar, sentar na cama gelado enquanto alguém se aproxima a passos lentos, assistir inerte e cansado a esse alguém se declinar aos teus pés e ser flagrado por um tênue facho de luz no instante em que se abaixa revelando que é você. E que seja o que for, pesadelo ou realidade, ainda não acabou.

sexta-feira, julho 08, 2005

Animaniacs

Tá, os meus textos andam péssimos comparados com os de novembro/desembro de 2004. Eu preciso sentar e escrever com calma, mas enquanto isso não acontece olha só o que a gente encontra depois de uma inocente busca por fotos dos "Animaniacs" no google:

http://www.gandalf23.com/LoAPictures1.html

O destaque, é lógico, é para a foto intitulada Animaniacs... mas a dos Scuds também é ótima.

Divirtam-se!

quinta-feira, julho 07, 2005

MAC

Dizem que em nenhum outro lugar faz o clima de São Paulo... Talvez em Londres, mas acho que não ou então alguém já teria dito isso, talvez no inferno... Hora garoa e esfria, hora chove e esfria, hora simplesmente esfria. Enfim, está um frio dos diabos. Estão dizendo que hoje irá fazer 3 graus de madrugada e quando era 15:00 eu já estava na rua congelando. Precisei ir até a faculdade buscar um documento, feliz da vida por atravessar a cidade com esse frio todo. Não reclamo por ter de sair de casa, foi bom. Já estou cansado dessa vida de tartaruga de aquário. E foi tão bom que eu até aproveitei para corrigir uma falha de quatro anos de idade. Fui ao MAC ver a exposição do acervo. Da minha parte posso dizer que me diverti muito, da parte da minha companhia... que companhia? Os guardas do museu também se divertiram bastante. Com a exceção de meia dúzia de pessoas sentadas em um canto conversando, de um senhor estrangeiro em uma cadeira de rodas e de uma garota tímida e lindamente vestida com uma jaqueta vermelha de veludo, uma saia um pouco abaixo do joelho e uma sandália combinando, tudo em um estilo meio anos 60, eles não devem ter visto mais ninguém o dia todo. Deve até ter sido o dia de sorte de um deles, tivemos uma conversa de uns 10 minutos que eu devo dizer foi a mais agradável conversa que eu tive nos últimos dias. Nunca vi um segurança tão animado, caloroso e simpático. Fazia muito tempo que eu queria ir a uma exposição, pena que o MAC seja um dos poucos museus que não se paga para entrar.