terça-feira, setembro 14, 2004

A volta do bom humor

Acordou esfregando os pés por debaixo da cama, com nova disposição e com o sol atravessando as arestas da janela. Enrolou, estava com preguiça de ir trabalhar. Procurou uma desculpa dentre o rol de pequenos mal-estares que o acometiam recentemente. Estômago virado logo cedo, torcicolo crônico e uma recente dor de ouvido com ares de bumerangue. Logo desistiu de ter preguiça e acabou por levantar. Engoliu alguma coisa de que mais tarde se não se lembraria só para dizer que comeu algo. Arrumou-se e partiu. Sempre que tinha insights sobre a condição humana se sentia bem disposto logo cedo. Hoje era um dia desses. Desviou do cachorro na entrada da casa e deu bom dia a Valentyne, seu verdadeiro amor, que dormia em um quarto empoeirado, daqueles onde pode se ver a poeira dançando no ar logo que os raios de sol o alcançam. Desviou novamente do cachorro que resignava-se a levantar e sair do caminho. Ignorou os presságios de chuva. Vestiu a luva, o capacete e deu a partida. O ronco do motor encheu o ar e acordou aos gatos. Com o coração crescendo e ocupando todo o peito doou-se à liberdade. Só conhecem o dom da liberdade aqueles que voam sobre o asfalto em duas rodas, com o vento no rosto e sentindo os cheiros da estrada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário