quinta-feira, novembro 25, 2004

Lazward

Depois de alguns dias de chuva, acordei com a pele levemente arrepiada pelo frio das últimas horas da manhã, olhei para o céu e percebi, um tanto incrédulo, que o tempo abrira. O céu estava tão profundo que eu não me lembrava que ele era desta cor.
Alguma vez já disse o quanto gosto dela? Naquele dia algumas nuvens passeavam pelo cerúleo, adornando a abobada celeste, contrastando com o fundo da tela de algum Deus, tela essa que invejo absolutamente todas as vezes que percebo quão profundos e belos são os tons de seus pigmentos. Tento me lembrar de quantas vezes me roubou os pensamentos, como quando mergulhei entre as pedras e os cardumes de Ilha Bela, como quando estava à beira do mar das praias do sul, dos céus que me roubaram a paz, dos olhos de safira que me roubaram à fala... dos poucos olhos que me invadiram violentamente a alma. “Acho que são olhos de mar na ressaca... Aquele mar que vem e me arrasta e me puxa para dentro de você”. Lembro-me igualmente dos tons ultramarinos que tingiram as coisas na calada da noite quando a luz a muito se fôra e da cor daquela manhã em especial. Há quanto tempo foi? Já não me lembro mais ou minto muito bem para mim mesmo. Foi a melhor de todas as noites em meio àqueles dias turbulentos, a calmaria no olho da tempestade. Era quase como se eu pudesse ouvir o som das ondas que me levavam entre o mar e a praia. Era o sonho de Ícaro.

Azul, do persa Lazward. Adj. 1. Da cor do céu sem nuvens com o Sol alto; da cor do mar fundo em dia claro; da cor da safira. S.m. 2. A cor azul em todas as suas gradações. 3. O céu, os ares, o firmamento: Voam pássaros pelo azul em fora.

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