quinta-feira, abril 28, 2005

Nunca subestime a capacidade de um ser humano em ser um filho da put4

Pois bem, creio que há um longo tempo seja de domínio público o fato de eu estar odiando o meu trabalho. Digo estar odiando e não odiar, pois houve um tempo em que eu o amava e que, a despeito de eu não acreditar que isso possa algum dia voltar a ser assim, ainda considero o caráter deste sentimento transitório. Isso tudo se deu por aquele tipo de mudanças que mexem com as pessoas, mudando regras, acordos e rotinas já estabelecidas em prol do lucro. Lógico que essas mudanças terão um impacto positivo sobre os trabalhos da empresa há médio prazo, mas geralmente esse é o tipo de coisa que despreza o bem-estar dos funcionários. E é nessa situação em que me encontro, agora realizo o trabalho que antes era feito por duas pessoas e sendo um estagiário, não realizo o que me era mais caro, aprender algo novo. Em lugar disso, copio as informações das embalagens de diversos produtos para o sistema em uma espécie de linha de produção que poderia usar crianças de 7 anos ou macacos sem qualquer defasagem qualitativa dos trabalhos. Depois de vários dias trabalhando sem o menor gosto consegui fazer algum estrago na cadeia produtiva e por isso acabei ouvindo muito, desesperando algumas pessoas, recebendo uma ou duas ameaças e não mais do que isso. Mas sei que esse tipo de comportamento, além de não me ser agradável, não irá me levar há lugar algum. Então nessa maldita manhã gélida de inverno, que embora seja outono, ninguém consegue me dissuadir do contrário, logo após o final de uma pequena brincadeira de “cabo de guerra” com relação a alguns problemas no trabalho, dei-me conta de algo. E antes de explicar-vos esta primorosa idéia, faz-se necessária uma pequena explicação. Eu não possuo uma religião vigente e os meus escrúpulos devem-se apenas há anos vivendo sob um certo código de honra que me é bastante caro. E embora eu seja uma pessoa direita, estou tão longe de ser um parvo quanto de ser um santo. Acontece que o ser humano é como uma ave Cuco, que espera uma outra ave sair do ninho para devorar-lhe os ovos e, no lugar, deixar os seus para serem criados pelo outro. E é aproveitando-me disso que começarei um plano diabólico. Hoje transformo o meu desgosto no espírito da vingança. Valho-me de uma certa incompetência de nossos parceiros de trabalho para tanto e da natureza caótica do ser humano. Só existe uma coisa pior do que um funcionário ruim, um funcionário bom... e obcecado. Pois um funcionário ruim pode ser demitido, enquanto um funcionário Caxias é perene e intocável... e ambos são bastante incômodos. É assim que irei tornar maldita a existência de meus “colaboradores”, em cada um de seus deslizes eu estarei lá para lhes apontar as falhas, transformarei o meu trabalho na execução do Santo Ofício e dedicarei os meus esforços na perseguição daquela preguiça pública humana até levar-lhes a loucura ou obter a redenção. Já posso vê-los tremer ante a minha presença e desviar seus olhares nos corredores. Posso ouvir seus lamentos a cada e-mail meu recebido e suas suplicas para que eles parem de chegar. Pilhas de requisições malditas e trabalhosas em nome daquilo que alguns chamam “Qualidade” e outros “Transtorno Obsessivo Compulsivo” suceder-se-ão junto ao deleite do estalar do chicote. E a cada noite suas preces objetarão a mim, implorando para que eu vá embora. Que eles me amaldiçoem, me chamem de nomes, que me desejem distante e assim, o que é cômodo tornar-se-á incomodo e mais depressa do que eles me jogaram aqui neste inferno eles hão de me dar o que desejo: A promoção.

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