quinta-feira, junho 02, 2005

Mea culpa

Olho para o lado e vejo no mural um recado que anotei com uma letra tão alegre e falsa que não consigo crer na minha hipocrisia, um convite para um lugar aonde eu não quero ir, encontrar pessoas que um dia foram muito importantes para mim e hoje não passam de nomes em uma agenda. Mas dei minha palavra que irei, e a minha palavra continua sendo algo muito importante para mim. Acho que isso deve alegrar um rosto ou dois, mas quando penso nas minhas razões para estar lá não consigo conceber nenhum motivo realmente decente.
Chame de rancor, chame de decepção, chame de abandono, chame do que quiser, não me importo. Já me importei muito e por um tempo longo demais, naquela época ninguém se importava. Hoje eu não quero mais, me tornei outra pessoa, embora o que eu sinto e estou preste a escrever nunca tenha mudado.
Chamem-me de cão raivoso. Chamem-me porque ladro, não consigo aceitar o abandono, nem negar o ódio que sinto por permitir que aqueles que amo tenham um dia me machucado.
Chamem-me de teimoso porque eu não consigo dar novas chances para aqueles que me abandonaram um dia. Porque não consigo dar outro nome a isso senão traição. Embora machucados aconteçam, mesmo sem querer, há feridas que não cicatrizam, como a traição de um amigo.
Sinto-me pequeno por tudo isso e culpado porque, apesar do crime não ser meu, não sei se posso perdoá-los; embora eu acredite ser capaz, não consigo dar uma nova chance para ser apunhalado. E seria isso perdoar? Confiar desconfiando? Ou seria estupidez esperar encontrar a redenção onde ela pode não existir?
Minha estupidez me envergonha, assim como a minha falta de confiança em que eu possa ser forte e sábio para passar por tudo isso sem cometer o erro de atribuir as pessoas valor outro que não o seu real.

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