segunda-feira, agosto 29, 2005

Às mais belas flores

Algumas coisas são mais surpreendentes do que deveriam. É estranho não reconhecer a beleza rara de uma flor. A delicadeza plácida e até um pouco vulgar das pétalas, o modo como elas se atam às sépalas, seus pistilos longos e delineados, o sabor intenso do néctar, o aroma exuberante, as cores vibrantes... Nenhuma flor é igual a outra. Não, cada botão é único em sua pequena existência e a cada florada novos botões abundam sem nunca se repetir.

Eu costumava comprar flores... Grandes gérberas alaranjadas e, às vezes, botões de rosas com suas aveludadas pétalas vermelhas. Foi a um longo tempo, se foi. Eu adorava a situação como um todo de ir até uma banca de flores e escolher lentamente o botão perfeito. De sentir a umidade vinda dos vasos e o cheiro das flores no ar, de ver o florista trabalhar acertando o comprimento do caule e limpando-o dos acúleos. De andar pela rua levando o botão solto e fresco e do olhar poético que as pessoas lançavam sobre mim. E quando chegava ao meu destino eu adorava assistir aos risos florescerem, encantadores, sinceros, profundos, inesquecíveis, únicos.

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